Ativistas noruegueses alertaram em 2007 que o aquecimento global pode derreter o gelo a ponto de fazer com que o mar Ártico fique tão quente que permita banhos de sol e até mesmo na água. A praia deles será um desastre para cidades litorâneas das Américas.
Estamos habituados a pensar o aquecimento global muito centrado na idéia de elevação da temperatura da Terra, degelo das geleiras e aumento do nível do mar, por exemplo. Mas também é importante verificar o que dizem os estudos sobre o impacto deste fenômeno em outros campos.
Como ilustração, em relação à pergunta que dá título a este artigo, o IPCC - Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas, responde com um redondo SIM. E é interessante observar os argumentos, como os apresentados a seguir:
O aquecimento global afeta o ciclo da água, aumentando a evaporação, mudando as chuvas, mudando a umidade do solo e o escoamento das águas sobre ele. Com isto, trará conseqüências sobre a quantidade de água disponível para consumo humano, tanto superficial quanto subterrânea.
Projeções para meados do século XXI indicam uma redução na quantidade da água de rios e na disponibilidade dessa água nas regiões mais secas e países tropicais, a exemplo do Nordeste brasileiro.
O aumento da temperatura da água e a maior ocorrência de enchentes e de secas afetarão a qualidade da água e aumentarão a poluição provocada por diversos compostos, inclusive microrganismos, aumentando o risco à saúde humana.
O aumento do nível dos mares contaminará por sal as águas subterrâneas próximas ao litoral, comprometendo seu uso.
As mudanças climáticas afetarão o funcionamento dos sistemas de abastecimento de água e alguns destes poderão não ser capazes de resistir aos impactos de enchentes e da seca, agravados pelo crescimento populacional em algumas cidades.
Haverá mais dificuldade para os serviços de abastecimento de água para planejarem o futuro das características dos seus mananciais de abastecimento, pois uma particularidade das mudanças climáticas é certa imprevisibilidade dessas variações.
Como se observa, tempos imprevisíveis nos aguardam, quanto à segurança e a continuidade dos nossos abastecimentos de água. Cabe aos gestores desses serviços pensarem em planos de contingência, que são instrumentos para pensar em situações extremas e em formas de minimizar seus impactos. O problema é que os gestores no Brasil têm muitos desafios no dia a dia e pouca tradição em pensar os futuros, prováveis e menos prováveis.
E cabe a nós, cidadãos e preocupados com a nossa e com as futuras gerações, chamarmos a atenção da sociedade para os riscos que, lamentavelmente, o nosso modelo civilizatório nos tem imposto, tão cruelmente.
*Léo Heller é professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG
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