Ministério Público apura morte de filhotes de onça-parda atingidos por fogo em canavial
Filhote de onça-parda vítima de incêndio em fazenda de plantio de cana (foto)
A Promotoria de Justiça do Meio Ambiente de Presidente Prudente notificou a Destilaria Alcídia para que preste informações sobre a morte de três filhotes de onça-parda (Puma concolor), que tinham de 2 a 3 meses de idade, encontradas em incêndios ocorridos com a queima de palha de cana-de-açúcar, na Fazenda Kananciuê, que produz álcool combustível, na região do Pontal do Paranapanema (extremo oeste de São Paulo).
Segundo o promotor de meio ambiente, Nelson Bugalho, que assina o inquérito, as atividades de plantio de cana-de-açúcar para produção de etanol não podem ser feitas com prejuízo aos recursos da biodiversidade, “ainda mais sobre uma espécie como a onça-parda que por ser topo da cadeia alimentar é importante para a manutenção dos ecossistemas em nossa região”. Mesmo sabendo ser impossível arbitrar um valor monetário para a morte das onças, “pelo que os representam para a manutenção da biodiversidade”, o promotor oficiou o Instituto Florestal de São Paulo, o Ibama e instituições de pesquisa para que sugiram, num prazo de 15 dias, formas de compensação pela morte dos três filhotes de onça, “levando-se em conta especialmente que são grandes felinos neotropicais de suma importância na manutenção do equilíbrio ecológico regional.”
De acordo com o promotor, a morte das onças foi descoberta pela Polícia Ambiental que a princípio informou que se tratavam de filhotes da onça-pintada (Phantera onca) mas que, depois de avaliação pelos pesquisadores do Instituto de Pesquisas Ecológicas – IPÊ, verificou-se ser a onça-parda, que são espécies muito parecidas nessa faixa de idade. De qualquer modo, por ser tratar de animal da fauna silvestre, a Polícia Ambiental autuou a Destilaria Alcídia, do grupo EHT Bionergia, braço sucro-alcooleiro do grupo Odebrecht. “Além do ajuizamento da ação civil pública para a defesa, em juízo, do meio ambiente, queremos saber da Cetesb e do DEPRN se a Destilaria Alcídia tinha autorização para promover queima da palha da cana-de-açúcar na Fazenda Kananciuê e ainda propor liminarmente a suspensão da queima da palha de cana nessa região por medida de precaução contra novas mortandades e até que se esclarecem os fatos que levaram ao cometimento de um crime ambiental de tamanha gravidade”, conclui Nelson Bugalho.
.