O Único Pastor é a Porta
No evangelho hoje proclamado, Jesus se apresenta ao mesmo tempo como pastor e porta.
É dura a crítica de Jesus ás lideranças de seu tempo. Em vez de servir o povo e abrir-lhe perspectiva de vida, haviam-no aprisionado em instituições políticas e religiosas que serviam apenas para manter os próprios privilégios. Para Jesus, líderes assim nunca foram e nunca serão pastores, mas apenas “ladrões e assaltantes”, que vêm para “roubar, matar e destruir”. Ele mesmo diz, aliás: “Todos os que vieram antes de mim são ladrões e assaltantes”. Pois, ao procurar somente os próprios interesses, fracassaram na missão de conduzir o povo pelos caminhos da vida que Deus deseja.
É um alerta contra todo exercício de poder, contra toda tentativa de usar a miséria do povo em benefício próprio. Alerta que vale hoje para todos, sobretudo para autoridades civis e religiosas, cujo poder só pode ser exercido genuinamente como serviço em defesa e promoção do bem comum. E o bem comum, nós o sabemos, requer dedicação especial aos mais empobrecidos.
Somente Jesus é o Pastor autêntico, aquele que o Pai envia para cuidar das ovelhas, o povo querido de Deus. Diferente dos que roubam e espoliam o povo, Jesus vem para servir e dar a vida, chamando pelo nome, superando todo anonimato. Ele se deixa conhecer, de modo que os seus não sejam enganados por líderes perversos e falsos. Jesus nos impulsiona a construir relações verdadeiras e sinceras, pelas quais nos construímos pessoal e comunitariamente. Caso contrário, nossas comunidades serão apenas um aglomerado de anônimos. O anonimato abafa a voz do único pastor e deixa as comunidades de fé entregues a tantas outras vozes.
Daí Jesus também se apresentar como a porta para as ovelhas. Ele é a passagem para os que desejam a liberdade de entrar e sair e encontrar pastagens de vida abundante. Como dirá mais adiante no evangelho, ele mesmo é o “caminho, a verdade e a vida”, ou “o verdadeiro caminho para a vida”.