“Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim...” (Mateus 10:37).
Em 1972, eu não tinha nenhuma idéia do real significado desse versículo; tampouco percebia o tipo de sacrifício que exigiria de mim nos anos por vir. Eu cresci na fé presbiteriana. A tolerância religiosa tinha sido pregada em meu lar desde que eu me conheço por gente. Lembro-me de várias discussões em torno da mesa de jantar sobre a virtude de ter uma mente aberta; e mente aberta para um presbiteriano significava jamais questionar as crenças de outra pessoa. Afinal de contas, seria o cúmulo da arrogância presumir que você tivesse um entendimento melhor das Escrituras do que o seu próximo! A própria idéia de desafiar essa doutrina estava simplesmente fora de questão. Assim, os presbiterianos não tinham nada com que se preocupar em Mateus 10:34-38. Todos estavam salvos. Tudo estava em paz!
Comecei a sentir que havia exceções quando comecei a ficar de olho no vizinho mórmon. Meu pai deixou absolutamente claro que eu nem pensasse em me envolver com qualquer pessoa pertencente a um grupo fanático desses. E ponto-final. Mas essa discrepância entre o que ele praticava e o que ele pregava me incomodava. Na verdade, papai tinha um limite de tolerância. Era intolerante para com os mórmons.
Quando entrei na faculdade, comecei a busca da verdade. A vida não teria sentido sem verdades concretas, sem conceitos ou princípios, sobre os quais a fé pudesse ser edificada. Eu nem imaginava que pudesse encontrar essas verdades na Bíblia, então busquei os amigos. Meus pais nunca me proibiam de participar do culto de outras denominações. Logo passei a perceber, entretanto, que meus amigos também não tinham nenhuma base para crerem no que criam. Simplesmente freqüentavam a congregação que melhor lhes servisse. Não tinham convicções religiosas verdadeiras. Isso não me bastava. Então continuei a buscar a verdade. Comecei a participar de cultos com um amigo que era membro de uma igreja que simplesmente procurava seguir a Cristo.
A princípio, meus pais não falavam a respeito, só um comentário casual aqui e ali sobre “aquela gente que pensa que só eles vão para o céu”. Em questão de poucas semanas, entretanto, perceberam pelos meus atos que não se tratava de nenhuma fantasia repentina. Pela primeira vez, eu estava lendo a Bíblia. Ia aos cultos três vezes por semana. Até questionava as minhas antigas crenças! Nessa altura, meus pais começaram mais uma vez a impor limites de tolerância religiosa. Os comentários de papai eram agora: “As pessoas dessa igreja são estreitas de mente e sectárias. Estão fazendo uma lavagem cerebral em você!”. As manhãs de domingo passaram a ser um campo de batalha. Passei a ser alvo de fitadas geladas e comentários preconceituosos. Meu coração foi atingido até o mais profundo. Eu ficava agoniada com respeito àquilo em que a minha família tinha se tornado.
Em meio a toda essa tempestade, entretanto, fui sustentada por uma fé que crescia a cada dia. Agora ficava claro quem era e quem não era estreito de mente. Meu pai apelava para o preconceito; os amigos que tinha acabado de encontrar apelavam para o evangelho. Chegou o dia em que não pude mais negar o poder do evangelho. Lembrei-me da oração de Jesus por seus discípulos em João 17:17 e percebi que, por fim, tinha descoberto que era a verdade que poderia me santificar. Era hora de eu fazer uma decisão. No outono de 1973, fui batizada em Cristo. Naquele mesmo dia, desliguei-me como membro da Igreja Presbiteriana. Três noites depois, passei por um tremendo interrogatório emocional em casa. Daquele dia em diante, aprendi o verdadeiro sentido de Mateus 10:34-36: “Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa”. Não havia mais paz em casa. A minha própria família tinha, na verdade, se tornado meus inimigos. Na tentativa de proteger a minha fé incipiente, senti-me obrigada a sair de casa por um tempo, esperando que as coisas, a seu tempo, fossem se ajeitar. Eu amava meus pais, mas amava mais ao Senhor.
Dezenove anos depois, as coisas se ajeitaram um pouco, mas meus pais ainda me pressionam para eu ceder toda vez que vou para casa. Há uma grande diferença. Em vez de fugir dos comentários deles, posso fincar o pé. Não me sinto mais ameaçada. Sei que “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8:31). Meus pais sempre tiveram em mente o melhor para mim, e eu os amo por isso. Não é estranho, entretanto, que eles temam exatamente o que pode lhes libertar ? a verdade?! Minha esperança e oração é que, um dia, baixem as espadas e parem de lutar contra Deus. Só então suas mentes realmente serão abertas. So então poderão pôr Deus em primeiro lugar. Só então a paz voltará a reinar nessa família terrestre.
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