Se você já ouviu alguém começar um assunto com “não leve a mal”, ou “para ser sincero”, ou ainda “é só o que ouvi”, e sentiu que alguma coisa estava errada, você acertou direitinho.
Estas frases que os linguistas chamam de “performativas” ou “qualificadoras” são frases que usamos para tornar mais fácil dizer coisas difíceis. No entanto, elas atrapalham a comunicação, pois quem ouve é confundido por elas.
Por que usamos estas expressões? Normalmente, porque não queremos magoar as pessoas, ou temos algo negativo a dizer, e queremos “suavizar o golpe”. É como iniciar uma conversa com “eu só estou dizendo isto por que gosto de você”, para em seguida falar algo horrível àquela pessoa.
Ou então soltar “detesto ter que dizer isso” para então largar uma bomba que estávamos querendo muito dizer. Também dizemos “até onde eu sei” ou “eu acho que”, para não nos comprometer muito com o que será dito.
E assim seguimos prejudicando nossos relacionamentos, usando estes “para-choques” verbais. O intuito de evitar atritos, porém, só nos distancia do que estamos falando, e, justamente, acaba magoando os outros.
Se você está usando muito destas frases, então pode ser que você seja uma pessoa que fale muita coisa desagradável aos outros. O conselho de Ellen Jovin, que trabalha com treinamento de habilidades de comunicação interpessoal, é parar imediatamente de usá-las. Pense antes no que você quer dizer, e avalie se é algo que deve ser dito mesmo.
Entre todas as frases, “para ser honesto” tem outra armadilha. Além de ser utilizada antes de comentários negativos e ter um tom condescendente, ela serve de alarme – quer dizer que você normalmente não é honesto no que diz.
Talvez a coisa mais honesta seja não falar nada.
Wall Street Journal