Internet marcou tanto o casal, que o computador foi parar até no álbum de casamento de Cláudia e Antônio.
A Internet não serve só para aproximar casais que estão separados em cidades ou países diferentes. Várias uniões começam em sites de relacionamento ou bate-papos on-line, com gente que nunca se viu, crescendo a cada dia o número de pessoas que encontram sua cara metade na tela do computador.
Foi o que aconteceu com a assistente social Cláudia Santos de Souza Duarte, gaúcha de Canoas, e o engenheiro eletricista e Antônio de Almeida Duarte, de Belo Horizonte. Casados já há quatro anos, ainda hoje surpreendem os amigos ao contar sua história.
Cláudia e Antônio se conheceram despretensiosamente em abril de 2002, num chat em condições semelhantes. Cláudia havia perdido um irmão e estava morando longe da família, na cidade de Três de Maio, a 487 km de Porto Alegre. Enquanto isso, Antônio buscava na Internet uma distração para quando não estava no hospital, acompanhando sua avó doente.
"Eu morria de medo da Internet, mas continuei a conversa justamente por que achei que não ia dar em nada, por causa da distância", conta Cláudia. Mas o que ela não contava é que as conversas pelo chat e MSN, logo passaram para o telefone e tornaram-se diárias. "Tínhamos necessidade de falar todo dia", completa Antônio.
Outra vez Cláudia se enganou quando marcaram o primeiro encontro. Como moravam a 1.734 km de distância, acertaram no meio do caminho, e São Paulo foi palco do primeiro beijo. "Achei que estava ficando louca. E se tudo fosse mentira? Mas acabei concluindo que gostava da essência dele. Agora faltava nos vermos para saber se era realmente isso que estava acontecendo", narra.
O namoro, que começou na viagem à capital paulista, tomou uma forma bem peculiar. Nas férias, cada um passava o mês inteiro na casa do outro. E nos feriados, com quatro ou cinco dias de folga, os encontros aconteciam novamente em São Paulo. O casal chegava inclusive a marcar os horários de ônibus e aviões para ficar o menor tempo possível distante. Mas os telefonemas e conversas pela Internet continuaram diários.
CASAMENTO E MUDANÇA
Pouco depois de um ano juntos, com a paixão aumentando a cada dia, na mesma proporção dos custos de tantas viagens cruzando o país, o casal ficou noivo. E casamento saiu em abril de 2004, no Rio Grande do Sul, dois anos depois do primeiro bate-papo pela web. Cláudia abandonou dois empregos promissores no interior gaúcho e o casal fixou-se em Belo Horizonte.
"Avaliamos que seria mais complicado para ele arrumar emprego no Sul, além de que também queria sair de uma cidade pequena", afirma a assistente social, que recebeu apoio da família na decisão. "Eles viram que estava fazendo bem e me deram força", conta.
De bytes trocados pela Internet ao casamento de quatro anos, a caso dos dois ainda espanta os amigos. "As pessoas ficam assustadas, pois não é comum histórias como a nossa. Por isso nem conto para todo mundo. As pessoas ficam incrédulas", aponta.
No entanto, apesar de tudo ter dado certo, tanto Cláudia quanto Antônio não são tão favoráveis aos namoros virtuais. "Não aconselharia alguém a ficar só na Internet. Mas acho que o maior problema é que as pessoas mal se conhecem e três ou cinco dias se encontram e ficam. O essencial é dar tempo ao tempo", diz Antônio.
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