Símbolo maior do Natal, filho de Deus é sinônimo de poder quando se trata de saúde
A fé pode curar. O poder da crença em Jesus Cristo, símbolo maior do Natal, começa a ser considerado pela medicina.
Hoje, no país, pelo menos três estudos sobre a relação da crença em Jesus Cristo com a saúde estão em andamento em universidades como a USP e Unicamp.
E quem estuda essa relação é unânime: a pessoa que tem uma vida espiritual mais intensa tem menos probabilidade de desenvolver doenças, se recupera melhor e responde mais a tratamentos.
Estudos de neurofisiologia mostram que há aumento do fluxo sangüíneo em áreas cerebrais durante a oração.
"Durante o clímax da oração ocorre estimulação de áreas cerebrais conectadas às regiões da imunidade. A fé, segundo estudos da UPS e Unicamp, libertaria substâncias que estimulam as células de defesa do organismo", diz o cardiologista Roque Marcos Savioli, que escreveu o livro "Milagres que a Medicina não Contou", com relatos de casos surpreendentes de cura e recuperação por meio da fé, no Incor, em São Paulo.
O poder da fé está tão presente na medicina que o Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP incluiu como disciplina de pós-graduação, inédita no Brasil. Os alunos fazem pesquisas envolvendo medicina e vivências espirituais e religiosas e aprendem metodologias para abordar o assunto de forma científica.
O Brasil tem duas associções de médicos que apostam na relação espiritualidade-saúde: Associação Brasileira de Médicos Antroposóficos e Associação Médico Espíritas. Nelas, cerca de mil médicos do país receberam formação para o trabalho com a fé. "Tirar uma história espiritual por si só é importante. O paciente se sente acolhido e não apenas um número de atendimento", diz Savioli.
Meu filho voltou de um coma
No dia 12 de dezembro de 1989, Eduardo da Silva Laguna, na época com 18 anos, estava a trabalho quando sofreu um acidente de trânsito.
No cruzamento das ruas Siqueira Campos e Presciliano Pinto, no bairro Boa Vista, foi atingido por um carro que avançou o sinal. O capacete voou e ele bateu com a cabeça no chão.
Eduardo sofreu traumatismo craniano e no sétimo dia de internação na Santa Casa teve uma parada cardiorespiratória e entrou em coma.
Durante os 64 dias em que esteve "fora", a mãe dele, Iva da Silva Laguna, 68, rezou. O filho era religioso, freqüentava a igreja, grupos de oração e até tocava na banda da paróquia. "Vi meu filho voltar ao estado fetal e começar a morrer. Depois os médicos me chamaram e disseram que não tinha mais jeito, que ele não voltaria e se eu quisesse, poderia levá-lo para casa e esperar", conta emocionada.
Iva levou o filho para casa. As vigílias e orações continuaram durante três meses.
Eduardo, hoje com 37 anos, está recuperado. Tem seqüelas de visão, mas leva uma vida normal. Do acidente ele não lembra, mas a "energia da fé" é inesquecível. "A medicina fez tudo pelo meu filho, mas nunca acreditaram que ele poderia se recuperar", diz.
Os neurologistas que cuidaram de Eduardo, aliás, nunca explicaram à dona Iva o que aconteceu.
Me curei do câncer de mama
Aos 58 anos, durante exame de rotina, Alícia Ferreira Cicoti, 63, descobriu que estava com um nódulo no seio direito: era câncer.
O estado do tumor era tão avançado que ela precisou fazer a mastectomia (retirada total da mama). Alícia ainda se recuperava da cirurgia quando uma infecção no tecido mamário reconstruído a levou de volta ao hospital.
Durante 27 dias, os médicos lutaram contra o desconhecido, pois não identificavam o motivo da infecção. Enquanto isso, o estado de Alícia piorava. No dia 28 de outubro, a oração foi especial. Ao conversar com Jesus, ela resolveu também pedir intercessão a São Judas Tadeu, santo do dia.
Dois dias depois veio o diagnóstico. A bactéria que causava a infecção e a fez ter de retirar novamente o seio reconstruído foi identificada. A recuperação também foi rápida e impressionou os médicos. "Acredito no poder que Jesus Cristo tem de operar em nossa vida. A gente sente a presença de Deus ao rezar. Quando você confia e abre o coração, a graça vem", diz ela.
Quatro anos se passaram, Alícia reconstruiu a mama e, até aqui, não tem o menor sinal da doença. Em abril vai comemorar a vida em uma visita à Terra Santa. "Quero estar onde Jesus esteve, passar por onde ele passou", diz.
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