A Biblioteca Pública de Nova York inaugura nesta sexta-feira uma exposição dedicada ao livro "Candide","Cândido", de Voltaire, um conto filosófico, 250 anos depois de ter provocado um escândalo na Europa.
A mostra inclui as 17 edições de 1759 desse pequeno livro e o único manuscrito conhecido, corrigido de próprio punho pelo escritor (1694-1778).
A exposição, que permanecerá aberta até o próximo 25 de abril, inclui, além disso, edições posteriores - até versões em quadrinhos - e documentos sobre obras de teatro, além de uma ópera inspirada no livro.
Em seu conto, Voltaire parte da constatação de que a história do ser humano é "uma série de desgraças inúteis" sem sentido, ao contrário do que professam algumas religiões, incluindo a cristã.
No final, depois de um longo périplo pelo mundo durante o qual passa por várias desventuras e lamenta que a mulher de seus sonhos tornou-se feia e amarga, Cândido recomenda como filosofia de vida "cultivar nosso próprio jardim".
Sátira
"Cândido é uma sátira maliciosa e divertida com muitos alvos", disse Paul LeClerc, diretor da biblioteca, que disse ser admirador de Voltaire e fanático pelo livro desde a adolescência.
Segundo LeClerc, "sob uma enganosa leviandade, há uma busca profunda sobre como a humanidade deve compreender e enfrentar a maldade no mundo".
O livro conheceu um sucesso fulgurante, com 20.000 exemplares publicados no ano de seu lançamento. "Voltaire foi famoso em vida, a primeira estrela do rock literário", disse LeClerc.
Pelo tratamento satírico de temas como a religião, a sexualidade e o poder, Cândido foi alvo da censura na França e no Vaticano, o que provavelmente não contribuiu, senão, para exacerbar sua popularidade.
Entre os objetos incluídos na exposição de Nova York se destaca uma carteira de couro vermelho com o nome gravado do escritor em letras douradas e com a qual Voltaire viajava pela Europa do século XVIII.