Empresas reagem ao aumento da procura por vídeos de entretenimento na rede
A busca por vídeos na internet, comum em países como Estados Unidos e Coréia, está se tornando cada vez mais forte no Brasil. Buscar um arquivo no site YouTube, rever lances de jogos e assistir na rede à reportagem que passou ontem na tevê está se tornando rotina na vida de muitos internautas.
"Isso ocorre com uma força muito grande principalmente entre o público jovem. São pessoas que cresceram com a internet no seu dia a dia, são ávidas por informação e querem ter acesso a conteúdo com muita rapidez", diz Isabelle Perelmuter, vice-presidente de planejamento estratégico da agência de comunicação Fischer America.
Pesquisas da Fischer mostram que, com o aumento da banda larga, a internet cada vez mais se torna uma opção de lazer nos grandes centros e isso inclui um dos passatempos mais populares para essa faixa etária: assistir a vídeos. "Hoje, 65% das pessoas que acessam a internet de casa usam banda larga. E usam a internet em horário nobre, porque é quando têm tempo para relaxar", diz Isabelle. "E se o jovem encontrar um conteúdo de vídeo que o interessa na internet, ele não vai esperar para ver na televisão. Ele vai assistir pela rede."
Isso não significa, no entanto, que eles deixam de assistir televisão, ou de que a mídia televisiva vá perder seus espectadores para a rede. "A televisão tem melhor qualidade de imagem, é muito mais confortável," explica a vice-presidente. "Mas a convergência das mídias é um caminho natural, que está ocorrendo em todo o mundo."
PROGRAMAÇÃO
As emissoras de televisão estão cada vez mais preocupadas com seus conteúdos online. "Como antigamente não havia banda larga, não havia também o hábito de assistir a vídeos pela internet", diz Frederico Monteiro, diretor de marketing do portal Globo.com. "Mas conforme isso foi se desenvolvendo, percebemos que se tornaria um grande negócio." Hoje o Globo Media Center oferece de reportagens a episódios de séries antigas e o programa Big Brother.
O executivo afirma que o objetivo do portal é se tornar o ponto de encontro dos internautas que querem ver vídeos pela internet. "Estamos firmando parcerias para que tenhamos sempre novos conteúdos, como clipes e shows", diz Monteiro.
Para Isabelle, da Fischer, oferecer conteúdo é importante para não "frustrar" o internauta."A emissora mostra que está em sintonia com ele, oferecendo material para ele buscar. Se ele procura algo e não encontra, se frustra. E recuperar a confiança de um cliente - principalmente jovem - é trabalhoso."
A ESPN Brasil estuda oferecer por meio da internet conteúdo para tocadores de MP3 com vídeo. "Sabemos que não vamos atingir milhões de pessoas", diz o gerente de internet da emissora, Maurício Martins. "Mas aquele cara que tem seu tocador com vídeo vai saber que a ESPN está junto com ele em termos de tecnologia", diz.Durante a Copa do mundo, o site da emissora teve 50 milhões de visitas. "Colocamos na web vários vídeos e produzidos aqui e foi um sucesso. Nunca tínhamos chegado perto deste número de acessos antes."
O diretor de programação da emissora, José Trajano, diz que uma maneira de atrair os "webspectadores" é fazer a ligação com a televisão."Percebemos que muita gente usa a internet e vê tevê ao mesmo tempo, pois basta anunciarmos uma pesquisa no ar que logo os votos começar a chegar pela rede."
Como a internet brasileira está se desenvolvendo, ele diz que o internauta procura "o detalhe" nos vídeos web. "Ele quer ver o gol que não viu, a jogada mais bonita, uma cena específica. Mas num futuro próximo, haverá programas completos pela internet."
Nos EUA, emissoras já oferecem "websódios" de seriados. "O brasileiro passa 17 horas por semana na internet. É questão de tempo para essa oferta chegar aqui", diz Isabelle Perelmuter."