Junto com o novo iPhone, a Apple estreou um novo par de fones branquinhos, os EarPods. Mas e aí eles são bons? São ruins? São melhores que os antecessores? Piores? E em comparação com a concorrência? Testamos a novidade e os fones que acompanham os principais smartphones da Samsung, Motorola, Nokia e Sony para ver se o som é de outro mundo ou só o design que é um extraterrestre mesmo.
Antes de tudo, é preciso lembrar que, independente da possível evolução do fone da Apple, os fones de ouvidos que acompanham basicamente todos os smartphones vendidos no Brasil são fracos, muito fracos, se comparados aos modelos ligeiramente mais caros. Se você já tiver ultrapassado a barreira do fone-vagabundo-de-15-reais, sugerimos que você dê uma olhada nas tabelas e reviews do Head-fi. Lá, o foco é som de qualidade — e um bom fone de ouvido pode mudar sua vida, é sério. Em fones extremamente básicos, onde o som em geral é muito fraco, ergonomia e construção costumam ter peso maior.
Sabemos que muita gente não está disposta a gastar mais por um fone decente e, baseado no tanto de fones brancos que vejo pelas ruas, muita gente usa com paixão os fones que acompanham gadgets. Pensando nisso, colocamos nossos tímpanos aguçados e orelhas para trabalhar e decidir: quem é o grande vencedor da disputa? Antes de ler o veredicto, você pode ver o vídeo bacana que fizemos para mostrar o formato e dar um resumo de cada um deles:
Agora, o teste completo:
5° Lugar - NOKIA
Junto ao da Motorola, o fone da Nokia é o mais simplório dessa bateria de testes. O da Motorola vem com espumas. O da Nokia, que acompanha o Lumia 900, nem isso. Ele nem ao menos vem com uma inscriçãozinha da marca nos fones pretos. Parece que pegaram um fone qualquer e jogaram na caixa.
Passadas as primeiras impressões nada marcantes, o encaixe no ouvido é… ótimo. Foi o fone que melhor se acomodou entre todos os testados, mesmo tendo um design circular bem simples.
O som parece privilegiar as frequências médias — isso é percebido normalmente em músicas onde os vocais deveriam ser mais destacados. O médio é a frequência normal de vozes comuns e violões, por exemplo. O problema, no entanto, é o volume: você precisa colocar seu gadget num volumemuito alto pra conseguir ouvir. Nunca tinha pegado um fone assim, que abaixasse o som. Aí você sobe o som para tentar consertar isso e percebe que os agudos são terríveis, irritantes, estridentes e descompensados. É o tipo de fone que cansa os tímpanos em alguns minutos.
4° Lugar - MOTOROLA
Se lá nos primeiros lugares há uma preocupação com a construção do aparelho, a Motorola não entra neste balaio: os fones que acompanham o Razr i são extremamente comuns.
O fone da Motorola traz dois pares de espumas para abafar o som. E elas abafam, oras. Bastante. Isso dá uma força para os graves, mas acaba deixando as frequências meio embaralhadas, apagadas. Os agudos, por exemplo, parecem “amarrados”, de tão contidos que ficam por causa das espumas.
Sim, você pode tirar as espumas, mas aí aparecem outros problemas: o fone “pelado” é pequeno demais e fica solto no ouvido, parecendo que vai cair a qualquer instante. Como fica menor, passa a isolar menos os ruídos externos. Os graves praticamente somem e fica nítida a baixa qualidade dos agudos.
Uma coisa simples, mas que incomoda, é o fato das indicações L e R estarem marcadas em relevo na borracha preta do fone, dificultando bastante a leitura em lugares com pouca luz.
3º Lugar - APPLE
A primeira impressão que tive ao colocar os fones de ouvido do iPhone 5 foi “nossa, ficou perfeito nos meus ouvidos!”. Durou cinco segundos: feitos de plástico rígido, eles são completamente inflexíveis e parecem que vão cair a qualquer momento. Andar com eles pela rua é terrível, parece que vão se soltar dos ouvidos a cada passo. É uma grande contradição: os fones se encaixam bem quando você está parado, mas vêm junto com um aparelho móvel — o iPhone 5. Talvez tenham pensado que a gente só ouve música sentado no ônibus ou metrô (e que segura os fones no ouvido quando vai dar licença para o passageiro que está sentado ao lado).
Pelo menos o plástico tem uma vantagem: o revestimento de borracha dos fones antigos dos iPods e do iPhone se desfaziam depois de um tempo curto de uso. Sem exagero: os do meu iPod Nano, depois de três meses, se soltaram completamente quando eu passei o dedo sobre eles. Ainda não deu tempo para saber se alguma parte desses fones vai estragar tão rápido. Pelas impressões após algumas semanas, parece que não.
A falta de flexibilidade também prejudica o isolamento acústico: como não se encaixam direito, qualquer barulho do ambiente passa por eles. Para conseguir usá-los no ônibus, por exemplo, você tem que colocar o volume bem alto para conseguir escutar alguma coisa. E acaba compartilhando suas músicas com quem está do lado, já que o som vaza para fora dos ouvidos também.
E o som? Os graves melhoraram bastante: enquanto os antigos pareciam uma caixinha de abelhas por causa da falta de força nas baixas frequências, a nova versão, desenvolvida durante os últimos três anos, é bem melhor nesse quesito. No entanto, não chega a ser nenhuma maravilha: o som parece contido, como se estivesse saindo de um pequeno e específico ponto do fone. As frequências médias são o ponto forte do fone: tem um volume bom e uma qualidade considerável, o que favorece bastante na hora de fazer ligações. Os agudos apresentam uma leve sibilação. Por ser o mais equilibrado dos fones testados, ele é o mais próximo de um fone de ouvido topo de linha, desses que os audiófilos gostam.
A péssima ergonomia, no entanto, mata o trabalho desenvolvido pela Apple. Terceiro lugar para os EarPods. Não foi dessa vez.
2° Lugar - SONY
A fabricante da linha Xperia manda com seu smartphone Xperia S um par de fones intrauriculares (aqueles que afundam no ouvido) e três pares daquelas “borrachinhas”. Pelo que eu conheço dos produtos Sony (uso um fone da marca no dia-a-dia), são dos tamanhos XL, L e M (junto com os meus, veio um S no lugar do XL). Pode ser uma coisa bem básica, mas dá uma impressão muito boa, pois parece que houve realmente uma preocupação com o produto — e consideração com aqueles mais orelhudos e tal.
O isolamento acústico é muito bom. Usando a borracha apropriada pro tamanho do seu ouvido, ele transforma a Faria Lima na rua do seu bairro, ou a praça de alimentação na hora do almoço na lanchonete da sua faculdade nas últimas semanas de aula. No entanto, o silêncio tem seu preço, e nos casos desse fone, o preço é um punhado de barulhos indesejáveis: o isolamento é físico, o que significa que qualquer toque no fio, por menor que seja, reflete no som. Sim, você ouve seus passos pelos fones enquanto anda. Até mesmo o vento batendo nos fios pode ser ouvido.
E o som? Vai bem, obrigado. Tirando o desconforto dos barulhos incômodos, a qualidade sonora é bem digna. Os agudos são meio baixos, mas nada que atrapalhe demais o som. O grande destaque são os graves: coloque um James Blake, por exemplo. Você sente o baixo e as batidas. Sente. Parece que tem uma minibateria e um amplificador nos seus ouvidos. É bem legal.
BESTMODO: SAMSUNG
A empresa coreana manda com seu Galaxy S III fones bem parecidos com os da Sony, só que brancos (a Apple sabe disso e ainda não processou?) e sem a assimetria nos fios, o que é bom. Eles acompanham 5 tamanhos diferentes de borrachas.
A semelhança com o Sony não fica apenas na aparência: os problemas com toques/esbarrões/passos que geram barulhos nos fones se repetem. A borracha que eu usei era menor, então isso ocorreu com menor intensidade.
Agora, o som: os graves têm intensidade e definição consideráveis, as melhores do teste. Você pode não senti-los tão bem como nos Sony, mas a qualidade deles é melhor, além do fato de parecerem “dispersos” pelo fone e não concentrados num pequeno ponto ou diluídos por todo o fone. Os agudos, no entanto, são tímidos, muito difíceis de notar. Mesmo assim, perante concorrentes que deixaram a desejar em vários sentidos, e considerando que ele é um fone simples, mas que acompanha um smartphone, o acessório da Samsung levou a taça para casa.