Um dia depois de protagonizar uma discussão com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) o petista Eduardo Suplicy (SP), ao discursar da tribuna do plenário nesta terça-feira (25), mostrou um cartão vermelho para Sarney, que não estava presente, e voltou a pedir que o senador do Amapá renuncie ao cargo de presidente da Casa.
“O Senado já sofreu desgaste incomensurável com o arrastar dessa situação. A Casa está paralisada há meses. As grandes questões nacionais não são discutidas. Parlamentares e partidos políticos estão derretendo frente à opinião pública. Ainda não conseguimos votar uma proposição importante neste segundo semestre no plenário do Senado e não se vislumbra como será possível isso acontecer enquanto não for resolvida a questão relativa ao presidente José Sarney”, disse Suplicy.
O protesto do senador petista aconteceu uma semana depois do Conselho de Ética do Senado arquivar 11 representações contra Sarney. Na avaliação de Suplicy, o arquivamento das representações agravou a situação do Senado.
Ao empunhar, da tribuna do plenário, ontem, um "cartão vermelho" contra a presença de José Sarney (PMDB-AP) na presidência do Senado, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) queria chamar a atenção para acrise política no Senado. A atitude recebeu total apoio da população. O ato provocou uma enxurrada de e-mails para o senador. Até o início da tarde desta quarta-feira (26), a assessoria de Suplicy contabilizava cerca de 2.200 e-mails recebidos desde ontem à noite, quando a cena ocorreu. A média de mensagens eletrônicas recebidas pelo petista é de 600 e-mails por dia. A cena também repercutiu entre os parlamentares, que agora usam o cartão vermelho em tom de brincadeira.
Na manhã desta quarta-feira, em reunião da Comissão de Justiça e Cidadania (CCJ), Suplicy pediu a palavra para debater sobre um projeto e, ao se alongar mais do que o prazo permitido, foi alertado pelo senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA)."Senador Suplicy, acelere a sua fala, se não teremos que dar cartão vermelho pro senhor nesta comissão", brincou o tucano, arrancando risos entre os presentes.
Em outro momento da discussão, alguns senadores começaram a falar ao mesmo tempo, e, para pedir silêncio na comissão, o presidente Demóstenes Torres (DEM-GO), optou por um pedido de ordem alternativo: mostrou aos senadores o cartão vermelho.
Entre os eleitores do senador, a estratégia foi levada a sério. Nem todos os e-mails foram lidos pela equipe de Suplicy, mas, pelo título das mensagens, é possível averiguar que a maioria dos eleitores do senador gostou da ideia do cartão vermelho e apoiou a atitude de Suplicy.