Nos anos 60, a geração baby-boom (os norte-americanos nascidos depois da Segunda Guerra Mundial) mal podia esperar para sair das casas de seus pais, como é comum entre os jovens.
O sistema de tranca sem chave reconhece impressões digitais para abrir portas (foto)
Hoje, essa geração está tentando descobrir como ficar em casa, mesmo que tenham passado da idade em que seus pais se transferiram a casas de repouso. E diversas empresas estão criando produtos que, esperam, os ajudem a atingir essa meta.
Eis algumas das coisas pelas quais você pode esperar quando chegar aos 60 e 70 anos: decifrar conversas em festas se torna difícil; você sempre se esquece de onde deixou as chaves; e seus netos pensam que você é um desastre com computadores.
Felizmente, estão surgindo tecnologias que podem remediar algumas dessas deficiências, e ajudam as pessoas na casa dos 60 anos a manter suas auto-imagens de perpétua juventude.
"O novo mercado é o da terceira idade", disse Joseph Coughlin, diretor do AgeLab do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). "A geração baby-boom oferece um mercado de perpétua juventude". Segundo Coughlin, 47, eles "estão à procura de tecnologia que permita que se mantenham envolvidos, independentes, bem e ativos".
Já que a maioria deles tem filhos crescidos e que a educação destes está paga, também é normal que disponham de bastante dinheiro, segundo Coughlin, e tecnologia seria algo em que estariam dispostos a gastar.
As empresas que obtêm sucesso em comercializar novas tecnologias a pessoas mais velhas não são as que criam maneiras tecnológicas de permitir que velhos abram potes de vidro. Em lugar disso, são aquelas que aprenderam a criar produtos que superam as barreiras geracionais, oferecendo estilo e utilidade a uma ampla gama de faixas etárias.
Uma tendência importante para o futuro, segundo Eero Laansoo, engenheiro especializado em fatores humanos da Ford, será o carro personalizado, que dá aos motoristas a possibilidade de mudar cores e fontes de instrumentos para tornar contadores e mostradores mais fáceis de ler.
O aparecimento de inúmeras tecnologias preventivas - como detector de ponto cego, alerta de mudança de faixa e sistemas ACC (que diminui a velocidade de seu carro se você se aproximar demais de outro veículo) - ultrapassam as barreiras de idade com seu apelo. Motoristas adolescentes podem usá-las, e elas também podem dar segurança a motoristas mais velhos com habilidades motoras diminuindo.
Eis alguns dos produtos de tecnologia atuais criados para os usuários mais velhos:
Celulares
À medida que se desacelera o crescimento da telefonia móvel porque quase todo mundo já tem um celular, as operadoras se esforçam por expandir o mercado se concentrando nas necessidades dos consumidores mais velhos.
O Jitterbug (www.jitterbug.com), da Samsung, não parece um celular para a terceira idade até que as pessoas o abram e encontrem os botões maiores e os dígitos grandes na tela. Atalhos de um toque permitem chamar números de emergência com facilidade. As operadoras oferecem o aparelho aos idosos com anúncios que explicam que os usuários podem discar os números ou pedir ajuda de uma operadora do serviço Jitterburg para fazê-lo. A empresa diz que 30% dos usuários optam por usar os serviços da telefonista.
Os números de telefone podem ser gravados no Jitterbug ou os consumidores podem solicitar que a empresa faça isso. Mensagens de texto completas estarão disponíveis a partir do ano que vem.
Como o Jitterbug é um telefone voltado à terceira idade, pessoas que não desejam se enquadrar neste grupo resistem a usá-lo, não importando o quanto ele seja fácil de usar. O Pantech Breeze, da AT&T, e o Coupe, da Verizon, são um pouco mais sutis porque se parecem mais com celulares comuns. Eles são telefones com flip simplificados com botões levemente grandes, fonte maior e três botões para emergências. O Breeze inclui conectividade Bluetooth e um pedômetro.
Em outubro, a Clarity (www.clarityproducts.com) começará a vender o ClarityLife C900, que pode amplificar a voz dos usuários em até 20 decibéis. O celular também permite que o usuário conecte diretamente a ele seu aparelho de surdez. Um botão vermelho pode ser usado para ligar ou enviar mensagens de texto a cinco números que o usuário seleciona, e o aparelho poderá ser usado nas redes das operadoras AT&T e T-Mobile.
Em casa
A iRobot (www.irobot.com), empresa que ganhou fama com o Roomba, um aspirador de pó robotizado, agora criou o Looj, um sistema que limpa automaticamente as calhas de uma casa. O aparelho evita que alguém precise subir escadas repetidamente.
Ainda este ano, a iRobot colocará à venda o ConnectR, um "robô de visita virtual", que permitirá que pessoas vejam e conversem umas com as outras a distância. Com atividades administradas por meio de um site na Internet, o robô pode ser instruído a visitar todos os aposentos de uma casa para garantir que seus ocupantes estejam em segurança, a ler uma história infantil ou a garantir que o Roomba esteja se ocupando devidamente de seu trabalho como aspirador.
O controle remoto também pode ser expandido de maneira a realizar certas tarefas domésticas. Controles remotos universais da Logitech, Philips e Sony também podem controlar a iluminação de uma sala ou abrir e fechar cortinas automatizadas.
O Reach, da (www.breakboundaries.com), é uma tela de toque em LCD que não só controla componentes eletrônicos mas também permite que os usuários operem um celular, elevem uma cama hospitalar, fechem portas e persianas e chamem uma enfermeira.
Tome seu remédio
Outro problema de envelhecer é o enfraquecimento da memória. Há diversos porta-medicamentos automáticos que alertam verbalmente os pacientes quando chega a hora de tomar um remédio. O Daily Medication Manager (www.timexhealthcare.com), da Timex, armazena remédios e pode alertar um usuário a tomá-los até quatro vezes por dia.
O Med-Time, da American Medical Alert (www.age-in-place.com), pode ser programado a administrar 28 dosagens diferentes de medicamento, também por até quatro vezes ao dia. Quando soa o apito, o usuário vira o aparelho para liberar as pílulas; caso a dosagem não seja tomada, as pílulas são trancadas para impedir uma superdosagem.
Os momentos de simples esquecimento podem não ser passíveis de eliminação, mas seus efeitos podem ser atenuados.
Para as pessoas que se esquecem de onde deixaram objetos, o Loc8tor (www.loc8tor.com) pode localizar até sete itens. Uma pequena etiqueta é afixada ao item, e a unidade principal do aparelho registra a freqüência da etiqueta para aquele objeto. Quando a pessoa esquece onde deixou o item, o aparelho pode localizá-lo em raio de 180 metros, e sons diferenciados apontam para a direção em que o objeto se encontra.
Obviamente, se a pessoa perder o aparelho, ela pode não encontrar mais suas chaves. Para evitar esse problema, diversos fabricantes oferecem sistemas de tranca sem chave que reconhecem impressões digitais para abrir portas. Produzidos por empresas como a Kwikset e a 1Touch, os aparelhos, a depender do modelo, podem ser autorizados a permitir a entrada de até 50 pessoas.
E se você consegue se lembrar de quem são essas 50 pessoas, é provável que não precise desse produto ainda.
Tradução: Paulo Migliacci ME