O início do ano é um bom momento para fazer um balanço e assumir metas. Se você quer se tornar popular na internet, é hora de colocar seu time em campo, mas lembre-se: a batalha não será nada fácil. Muitos de nós queremos ser reconhecidos no trabalho ou apenas ter 15 bytes de fama. Não importa. Na verdade, queremos ser reconhecidos. Mas, com tanta gente conectada no mundo, é preciso aprender a se tornar visível. Seja na divulgação de uma banda de música, seja a partir de uma habilidade esdrúxula qualquer, se você quer visibilidade, deve tomar cuidado para não surgir e desaparecer como um cometa.
Mas é possível ficar famoso no ciberespaço? Como se tornar uma celebridade utilizando redes sociais como Orkut, MySpace ou Twitter? A resposta não parece tão fácil. Para Alex Primo, professor e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), não é possível se tornar celebridade apenas usando a internet. "O mundo virtual pode contribuir para a imagem de uma pessoa, mas por si só não a torna popular ou famosa, pelo menos por muito tempo", afirma o pesquisador.
Poucas pessoas se tornam referência na internet, como Alexandre Inagaki, criador do blog "Pensar enlouquece, pense nisso". Ele é uma das figuras mais influentes do ciberspaço, mas ninguém o conhece fora da blogosfera. Seu sucesso talvez seja atribuído à sua irreverência e à maneira como trata sua audiência. Segundo Alex Primo, Inagaki, com mais de 13 mil seguidores no Twitter, tem renome na sua comunidade, embora fora dela seja um mero desconhecido. Já uma celebridade tem reconhecimento notório dentro e fora da rede. "A fama não depende da internet", diz Primo.
O FAMOSO QUEM Inagaki explica que "desejar se tornar celebridade na internet é uma ambição um tanto quanto vazia". Basta lembrar diversas cibercelebridades que angariaram 15 bytes de fama simplesmente e desapareceram. Ele dá alguns exemplos, como Jeremias Muito Louco, Ewerton Assunção, Neisa Pantera, Sônia Iutubiu, Ruth Lemos, aquela do sanduíche-iche-iche, que tentou usar a fama para se eleger como vereadora, mas teve uma votação inexpessiva. Tantos outros nomes surgem e desaparecem em questão de dias.
Para Primo, esse fenômeno é conhecido como "celetoides", ou seja, a fama que nasce, cresce e morre na internet a uma velocidade surpreendente. Conseguir reconhecimento on-line é muito diferente de ser uma celebridade mundial. Uma celebridade não é uma pessoa, e sim uma grande indústria que engloba figurinista, assessor de imprensa, maquiador etc. É um complexo mercadológico. Por isso, não se pode sobreviver somente dentro de blogs ou redes sociais, afirma Alex Primo.
QUAL CAMINHO SEGUIR? Para Primo, não existe uma fórmula mágica, mas o músico e estudande Felipe Xafranski dá algumas dicas preciosas. Quando criança, Felipe era muito tímido, tinha dificuldade até para falar com os vizinhos. Um dia, ele pensou: "Se meus amigos conseguem, também vou conseguir” e, a partir daí, começou a sair do anonimato. Ele conta sua história no livro Como se tornar popular, lançado recentemente pela Editora Matrix.
"A necessidade de me tornar popular veio antes da carreira musical", afirma Felipe. Segundo ele, a repercussão do livro está sendo melhor do que se esperava. Felipe garante que é a mesma pessoa no mundo real e virtual. Sua história nas redes sociais começou quando um amigo irlandês divulgou as músicas da banda no MySpace, alcançando nada menos que 3 milhões de acessos. A partir daí, ele decidiu gravar um clipe que estourou nas paradas da MTV.
Para Xafranski, existem formas e formas de se tornar popular. "Tudo tem um momento. Uma hora as coisas acontecem naturalmente. Basta não esquecer suas origens e cativar o público (veja quadro). Mas a internet não vai deixar ninguém famoso se na vida real você não tiver um trabalho interessante", garante. As gravadoras observam não só o trabalho do artista, como também sua popularidade para investir em algum novo trabalho. "Fica mais fácil vender se você já é conhecido na internet. Só que nada disso tem valor sem o respaldo do público", conclui Felipe.
O professor Alex Primo concorda que a fama não se sustenta apenas com a internet. "Se você já é famoso na vida real, o espaço virtual pode contribuir sim." Mas a celebridade que utiliza as redes sociais fica muito próximo de seu público. Isso não pode desgastar a relação entre o fã e seu ídolo? Quando acompanhamos uma celebridade na internet, temos a sensação de intimidade, uma sensação parassocial. Uma intimidade que, na verdade, não existe. O ídolo continua não conhecendo intimamente seu fã. O distanciamento das celebridades com seus fãs é necessária."
"Quando acompanhamos uma personalidade no Twitter, temos a sensação de que estamos próximos dela, porém, ninguém pode garantir que esse perfil seja verdadeiro." O professor conta ainda que um cantor sertanejo tinha seu perfil no Twitter, mas quem escrevia as mensagens era uma jornalista. Ela utilizava expressões usuais do cantor e conhecia bem sua rotina.
FICHA TÉCNICA
. Como se tornar popular, de Felipe Xafranski
. Editora Matrix
. 153 páginas
. R$ 27
DA WEB PARA O BBB
Com a divulgação da lista de participantes da nova edição do Big Brother Brasil, programa televisivo que encarna a luta pela fama a qualquer custo, o ciberespaço veio abaixo. Pela primeira vez, três celebridades de internet foram selecionadas para integrar o time dos que vão expor a vida diariamente na TV, tentando ganhar sucesso e R$ 1,5 milhão, a partir de terça-feira. A primeira delas é a publicitária de Curitiba Tessália Serighelli, conhecida na tuitosfera como Twittess, que tem mais de 54,5 mil seguidores no microblog. “Para quem não lembra, a @mellpolidoro twittava por mim na época do VMB! E agora no BBB tb pq já estou confinada 100 net #ToficandoLOCA”, escreveu a moça em seu perfil (não corrigimos a ortografia). Outro confinado que já fez fama na rede é o poser e fotologger Sr. Orgastic, apresentado no programa com seu nome verdadeiro, Sérgio Francischini, estudante de São Paulo. Vídeos defendendo a franja emo e o estilo “moderninho de ser” fizeram a fama do moço na web. E para completar o trio parada dura, o maquiador Dicesar Ferreira é conhecido na rede como a drag queen Dimmy Kieer, em vídeo que tem mais de 116 mil vizualizações no Youtube. Depois de galgarem os primeiros degraus rumo à fama na internet, os três se destacaram entre os 370 mil inscritos e agora entram na exposição da mídia massiva. Para muita gente, já seria um prêmio. (Frederico Bottrel).
DICAS
Como fazer seu filme na internet
• Nos blogs, evite textos intermináveis e de conteúdo cansativo
• Tome muito cuidado com o que você escreve para não desrespeitar ou ofender ninguém
• Evite erros de português. A credibilidade passa por aí
• Evite autopromoção. Pode parecer arrogância
• Responda aos e-mails e comentários sempre e de maneira educada, mesmo que você discorde da opinião do internauta. Isso demonstra que você se preocupa com a audiência
• Mude sempre o leiaut do seu site e suas fotos de apresentação. Isso demonstrará dinamismo e versatilidade
• Use e abuse dos recursos visuais, vídeos e fotos. Quanto mais conteúdo tiver seu blog, mais tempo o usuário se perderá nele
• Evite, no Twitter, colocar mensagens públicas, se você está tratando de assuntos delicados ou direcionados a uma determinada pessoa
• Não perca a naturalidade e o humor
• Não discrimine ninguém. Siga quem é interessante e não necessariamente quem é famoso
• Faça um trabalho de formiguinha. Se você quer chegar até a Xuxa, comece com as paquitas! É melhor você seguir poucos e interagir com eles do que seguir centenas de pessoas e não ser ouvido ou não interagir
• Produza conteúdos originais e de qualidade. Apenas 5% dos blogueiros produzem informação relevante. O resto apenas replica o que está em alguma página da internet.
TRÊS TIPOS DE CELEBRIDADE
1º tipo: Aqueles que têm fama conferida, como o príncipe da Inglaterra, filho de Lady Diana. Já nasceu com a fama.
2º tipo: Aqueles que adquiriram fama por meio do trabalho, como esportistas e políticos.
3º caso: Aqueles a quem foi atribuída fama instantânea, como modelos que namoram jogadores de futebol, mulheres que desfilam em escolas de samba. Pessoas que ficam atrás de políticos e até mesmo os responsáveis por ataques terroristas, cujo principal objetivo é conseguir publicidade para sua causa.