A figura acima é um printscreen do site da rádio americana Pulse FM 87.7 . A emissora tem o formato dance e se encontra simplismente no maior mercado radiofônico do mundo: Nova Iorque.
O que surpreende é a mensagem da página. A rádio tem apenas mais uma semana de vida caso não consiga uma certa soma em dinheiro. Para isso, apelou para uma atitude inédita, pedindo doações aos seus ouvintes.
Qualquer rádio que não se mantém financeiramente tem duas opções. Fechar as portas ou mudar de formato (enquanto ainda existe tempo). É perturbador e vergonhoso uma emissora usar estes subterfúgios, mas dificilmente os abnegados doadores mandarão cheques todos os meses para a conta bancária da emissora.
E pensar que Nova Iorque teve grandes emissoras dance no passado como a 92KTU, onde desfilavam as inesquecíveis montagens do Paco´s supermix.
Já escrevi vários artigos sobre a situação do rádio americano e parece que tudo piora cada vez mais. Várias grandes redes estão à beira da falência. Ações foram pulverizadas e hoje valem centavos de dólar. O endividamento é tamanho que rolar a dívida é quase impossível, pior ainda com a falta de crédito devido à crise.
Milhares de profissionais demitidos transformaram a maioria das rádios hoje em jukebox com antenas. Para vocês terem uma idéia, várias horas se passaram após a morte de Michael Jackson quando as primeiras rádios começaram a tocar suas músicas. Claro, não havia ninguém nos estúdios. Quem deu a notícia em primeira mão? Nem FM, AM ou TV. Foi o site tmz.com .
Acontece que o maior problema é que para o jovem de hoje, o rádio é uma mídia morta nos Estados Unidos. Não há renovação da clientela.
- Para que rádio se eu posso ouvir a minha música como e quando eu quero?
- Para que rádio se nunca há novidades e eu descubro novos artistas no Facebook e Myspace?
- Para que rádio se eu encontro minha tribo e interajo diretamente com eles através do SMS e do Twitter?
- Para que rádio se ao invés de receber a informação, EU SOU a informação?
- Para que rádio se meu iPhone tem milhares de aplicativos onde eu posso me conectar com a webrádio do mundo inteiro e sem comerciais?
- Para que rádio se as promoções e novidades estão nos próprios sites e/ou blog das minhas bandas preferidas?
- Para que rádio se agora eu não quero intermediários entre eu e os artistas?
- Para que rádio se eu escolho e absorvo na hora mais conveniente a notícia que vai me fazer ganhar o dia?
- Para que rádio se o mainstream musical tornou-se chato e repetitivo?
Essa é a realidade lá, mas em breve será a daqui. A internet atinge somente cerca de 20% da população. Mas é pelos celulares que a revolução vai acontecer, e nesse quesito estamos bem avançados.
Hoje temos 156 milhões de celulares no país, muito mais que telefones fixos. A expansão da base de celular no Brasil é de quase 20% ao ano. 83% dos brasileiros tem celular. Somos maioria no Orkut e Twitter e reconhecidamente um dos povos mais aficcionados por internet. A classe C está ávida para consumir e o celular está em seus planos. As operadoras sabem disso e vão tornar a banda larga 3G cada vez mais acessível. A empresa que não seguir esse caminho será engolida pela concorrência.
Tudo isso em nosso horizonte e os nobres radialistas vão esperar o ouvinte perguntar:
- “Para que rádio?”