Quase seis meses após ter tomado posse na condição de deputado federal mais votado do País - com mais de 1,3 milhão de votos - o palhaço Tiririca ainda não subiu à tribuna para o primeiro discurso. Sua presença muda e omissa no plenário se transformou em folclórica atração para turistas e fãs que ocupam seu tempo com fotografias e pedidos de autógrafos. Ele tem sido um deputado que não fala em público; limita-se a distribuir sorrisos e acenos pelos corredores da Câmara.
Você sabe o que faz um deputado federal?
Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, começou aprendendo rápido. Logo no segundo mês de mandato, ele virou notícia ao repetir vícios dos mais "experientes" e contratou dois humoristas para auxiliá-lo em São Paulo, onde nem sequer mantém escritório político. Ele também usou dinheiro público para se hospedar num resort em Fortaleza (CE). O deputado devolveu o dinheiro da hospedagem, mas manteve os funcionários em seu gabinete.
Para um colega de bancada, o excesso de discrição de Tiririca obedece à orientação da cúpula do PR (Partido da República) para manter Tiririca longe de polêmicas. A preocupação com a imagem do puxador de votos é tanta que até seu figurino, no início, passou pelo crivo das lideranças. O secretário-geral do PR, Valdemar Costa Neto (SP) - pivô do escândalo mais recente, no Dnit e Ministério dos Transportes - mandou comprar os ternos e gravatas de Tiririca. Humm... Valdemar Costa Neto...
O lendário Ulysses Guimarães (PMDB) costumava explicar assim o Congresso Nacional: "aqui há corruptos, criminosos, desonestos e também muita gente decente; o Congresso é a cara do povo brasileiro que envia para cá seus representantes".
Tiririca, efetivamente, é cara dos debochados eleitores que o remeteram à Brasília.