Nas escolas e universidades, professores ministram aulas para uma grande quantidade de alunos. Com o intuito de ser compreendido por todos, os educadores falam em um tom bem mais alto e sacrificam sua garganta.
A fonoaudióloga Leslie Picolotto Ferreira, professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) e especialista em saúde vocal de professores, diz que nas classes existem ruídos internos e externos. Na tentativa de encobrir o barulho, o professor não percebe que está gritando.
OUÇA
A especialista explica que radialistas, locutores, cantores, atores e professores são denominados "profissionais da voz". Esses últimos, são os que menos conhecem os cuidados que se deve ter com o aparelho vocal.
A fonoaudióloga alerta que os profissionais do ensino devem lutar para que uma disciplina que ensine como cuidar da voz faça parte dos cursos de licenciatura.
"Nos cursos de locução e de teatro sempre tem alguma disciplina que ensina como falar melhor e como cuidar da voz. O professor, na maioria das vezes, é colocado à frente de uma classe sem nenhuma noção do que deve fazer para cuidar de sua voz", declara.
Segundo ela, o uso inadequado da voz pode ocasionar rouquidão, perda ou falha da voz, problemas de respiração e até calos nas cordas vocais.
A especialista diz que dormir bem, se alimentar corretamente, fazer atividade física e ingerir bastante água contribuem para o bom funcionamento vocal, que está relacionado às boas condições de saúde.
Algumas pessoas acreditam que o uso de microfone durante as aulas auxiliaria os professores. Ferreira, contudo, é contrária à idéia.
"Quando o microfone é utilizado por uma pessoa que não sabe usá-lo, ou em um contexto onde há muito ruído, em vez de ajudar, vai acabar atrapalhando", declara.