Tiro no pé – Atendendo a pedido da presidente Dilma Vana Rousseff, a Controladoria-Geral da União realizou um pente fino nas contas e contratos do Ministério dos Transportes, depois do escândalo que culminou com a demissão do então ministro Alfredo Nascimento e outras dezenas de servidores ligados à pasta. A CGU encontrou 66 irregularidades, que juntas somam R$ 658 milhões. Essa fortuna foi desviada através de aditivos contratuais acima dos percentuais permitidos por lei e projetos muito aquém das necessidades do Estado.
O relatório da CGU traz em seus escaninhos três temas que merecem atenção. O primeiro deles é a necessidade de uma faxina profunda e completa na Esplanada dos Ministérios, algo que Dilma Rousseff desistiu de fazer como forma de manter minimamente intacta a chamada base aliada. Do contrário, a presidente seria obrigada a avançar com a limpeza em pastas comandadas pelo PMDB, maior partido da base de sustentação do governo. Fora isso, a assepsia palaciana acabaria atingindo os ministros Paulo Bernardo da Silva, das Comunicações, e Gleisi Hoffmann, chefe da Casa Civil.
O segundo tema a ser considerado é a situação do Partido da República, partido presidido por Alfredo Nascimento e que na partilha de cargos em troca de apoio tinha direito ao Ministério dos Transportes. Depois de o PR anunciar sua saída da base aliada, a presidente Dilma despachou a ministra Ideli Salvatti, da Secretaria de Relações Institucionais, para novamente atrair o PR para a base aliada. E a conversa foi iniciada com ninguém menos que Valdemar Costa Neto, deputado federal pelo PR de São Paulo e considerado como o dono da legenda.
O terceiro assunto é o mais complicado na seara do Partido dos Trabalhadores. A gastança criminosa e desnecessária no Ministério dos Transportes não ocorreu em apenas oito meses do governo de Dilma Rousseff. Trata-se de algo que ocorreu durante longos anos e com a conivência do então presidente Luiz Inácio da Silva, protagonista do período mais corrupto da história política nacional. Como ninguém dentro do PT ousa questionar Lula da Silva, a sujeira da corrupção deve ser varrida para debaixo da alcatifa palaciana, como se nada tivesse ocorrido. Assim, Dilma deixará escapar a grande chance de passar para a história, como a responsável para reduzir substancialmente a corrupção no País.