O título da pesquisa publicada na Lancet é impressionante o suficiente para ser mantido sem alteração, quase tão impressionante quanto a plasticidade do cérebro de Jan, uma tetraplégica de 52 anos que se voluntariou para o experimento da Universidade de Pittsburgh.
Com duas placas implantadas no cérebro, cada uma com 96 sensores, seu córtex motor foi conectado a um computador que por sua vez estava ligado a um braço robótico. A idéia era detectar e traduzir comandos de movimento. Deu tão certo que no primeiro dia jan já conseguia mover o braço em três dimensões.
Durante 13 semanas o software foi aprimorado, Jan treinou seu cérebro (essa sentença não faz sentido, pense bem) e através de feedback visual, chegou a uma taxa de acerto de 91%. Seu tempo de reação caiu em 30 segundos, com os movimentos cada vez mais naturais.
Na imagem acima Jan está fazendo algo que jamais imaginou poder fazer de novo: Comer sozinha uma barra de chocolate.
Aqui, o braço em ação:
Nem tudo são flores, Jan ainda está longe de se tornar a comandante-suprema do exército de Mechas que dominará o mundo. Depois de 13 semanas seu domínio sobre o braço atingiu o limite. O cérebro começou a criar tecido de cicatriz em torno dos eletrodos, dificultando a transmissão de sinais. Sim, Jan não pode ir mais além por culpa do velho Osmar.
Os pesquisadores já estão trabalhando em eletrodos usando nanotecnologia, pequenos demais para disparar a resposta imunológica que gera o tecido de cicatriz. Também pretendem inserir no cérebro dos pacientes eletrodos transmitindo sinais de sensores de pressão, temperatura e outros, instalados no braço.
A idéia é que o paciente não só mova o braço como consiga sentir com ele. Imagine a viagem, um braço do outro lado da sala, enfiando o dedo em um copo de água quente, e você sentindo.
Quem sabe? Talvez em 30 anos, de rejeitados tetraplégicos se tornem as pessoas mais admiradas da sociedade, comandando robôs de resgate de 3 toneladas impedindo vazamentos em usinas nucleares e salvando carros de tsunamis.
Fonte: Guardian