Primeiro destino é o Brasil, onde ela deverá chegar na madrugada de segunda
A blogueira cubana e colunista do Estado Yoani Sánchez saiu de Havana neste domingo, 17, em direção ao Brasil, onde deveria chegar em Recife, no início da madrugada de segunda. O País é a primeira escala de um giro que a opositora do regime castrista
- uma das mais famosas mundo afora - pretende empreender por mais de dez nações, das Américas e da Europa, nos próximos meses. A expectativa é que a dissidente comece sua agenda de compromissos pela Bahia, após aterrissar na capital pernambucana, e chegue em São Paulo na noite da quarta-feira.
“Levo comigo uma mensagem de esperança. Não sou ingênua, me dou conta dos problemas, mas creio no futuro”, afirmou Yoani a repórteres no Aeroporto Internacional José Martí, pouco antes de embarcar para o Recife, fazendo uma escala na Cidade do Panamá. “Isso será como 'A volta ao mundo em 80 dias'.”
Vestida com uma saia azul-marinho e uma blusa larga branca, a blogueira de 37 anos despediu-se de seu filho adolescente, Teo, e de seu marido, o também dissidente Reinaldo Escobar, antes de passar pela checagem para deixar seu país. Aproximou-se sorrindo da cabine do agente de imigração, que, timidamente, também exibia um sorriso.
“Meu nome não soou nos alto-falantes, não me levaram a um quarto para despir-me ou “ler a cartilha para mim”. Tudo está saindo bem. (Foi) muito calorosa a reação dos (demais) passageiros comigo. Há abraços, fotos em conjunto... já sinto o cheiro da liberdade”, tuitou Yoani momentos depois. No microblog, a ativista mostrou-se ainda mais deslumbrada com as experiências que a aguardavam: “Me disseram que o aeroporto do Panamá, onde farei escala, tem uma zona wi-fi (internet sem fio)... não posso acreditar!”.
Mas Yoani não era apenas otimismo. “Minha preocupação é com os que ficam. Temo que a penalização à diferença continue”, tuitou, afirmando que tem receio ainda de que “os atos de repúdio se mantenham”.
“Temo que as detenções arbitrárias continuem como uma ferramenta de repressão. Temo que o grito se mantenha como política de Estado. Temo que neste tempo minha ilha não avance nenhum passo no respeito à diversidade ideológica, que o extremismo político permaneça.”
Em seus últimos tuítes antes de o avião decolar, porém, a blogueira manifestou certo alento: “No entanto, tenho muitas esperanças. Tenho esperanças de que a pequena voz que a cidadania alcançou seja escutada mais forte, se faça mais firme e clara. Tenho esperanças de que o absurdo não pode durar muito mais”.
Recife. Na capital pernambucana, Yoani seria recebida no início da madrugada de segunda pelo cineasta Dado Galvão e pelo blogueiro Rafael Velame, organizadores da “vaquinha” que possibilitou a vinda da cubana para o Nordeste brasileiro. Às 19 horas de segunda, deverá ser exibido o documentário Conexão Cuba Honduras, em Feira de Santana, Bahia.
Na quinta-feira, às 10 horas, a cubana participa do debate “Conversa com Yoani”, na sede do Estado, na zona norte de São Paulo. No mesmo dia, encontra-se com blogueiros na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, no fim da tarde, e logo depois lança a nova edição de seu livro De Cuba, com Carinho, publicado pela Editora Contexto, e concede uma sessão de autógrafos.
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