Com tela sensível ao toque, design avançado e capacidade para suportar ferramentas de diversão, computador vai para sala de estar de quem pode bancar os altos preços.
A ponta dos dedos desliza sobre a tela, fazendo correr as opções do menu inicial. Escolhida a atividade, bastam dois cliques. Dois segundos mais tarde, abre-se uma imagem que lembra as pautas de um caderno. Ainda com o toque das mãos, é possível escrever na tela, à maneira das crianças, com o dedão sujo de tinta na escola. Depois de terminar, basta pressionar um outro ponto da tela e pronto - as palavras, escritas literalmente à mão, na tela do computador, são convertidas em texto editável, como se tivessem sido digitadas. Para ouvir música, também é só correr os dedos pelo monitor e escolher entre as capas dos CDS. Para ver filmes, a mesma coisa.
A experiência não diz respeito ao iPhone, o badalado celular da Apple, nem aos notebooks tablet. A tela sensível ao toque já é uma realidade para os computadores pessoais, com o lançamento no Brasil do Touchsmart, modelo da HP que apresenta a novidade. Mas nem tudo é entusiasmo. Enquanto a tendência se consolida, a maravilhosa sensação de comandar um PC com o toque dos dedos diretamente na tela é privilégio de quem pode pagar os R$ 6.499 cobrados pelo Touchsmart - o alto preço é justificado pela empresa com o fato de que, em um primeiro momento, o produto será importado dos EUA, para testar o mercado brasileiro e então possivelmente decidir pela fabricação local.
A tela sensível ao toque é a estrela do lançamento, que ainda evidencia outras duas apostas recentes da informática: os micros estão cada vez mais bonitos e divertidos. Algumas desenvolvedoras, inclusive, usam o termo "computadores de entretenimento", focados em aplicações que vão fazer a festa dos usuários. Fazer a festa mesmo, já que a idéia, com os apelos de design cada vez mais valorizados, é levar o computador para lugar de honra na sala de estar. O novo rei dos eletrodomésticos aposenta os tocadores de CD e DVD, o rádio, a TV e o porta-retrato digital. Para que isso tudo, se um único produto é capaz de convergir todas essas funções e ainda navegar na internet?
"Já nem chamamos esse equipamento mais de computador, para nós é uma outra coisa. Com o tempo, ninguém vai querer aquela caixa preta entulhando a decoração da casa", disse Juan Jimenez, vice-presidente de consumo da HP Brasil, referindo-se aos arrojados design e funcionalidades do Touchsmart. De fato, o termo que nasceu com aquelas velhas máquinas, que se dedicavam apenas a computar grande volume de dados, pode ainda remeter aos trambolhos do século passado. Como o nome pouco importa, o que está em jogo são as novas funções que os PCs assumem na vida dos usuários - convergindo as aplicações de entretenimento e levando tudo para o centro da sala.
Apesar da tendência, para muitos usuários o sonho de investir em tecnologia e ter em casa uma central de diversões tende a ser adiada. Isso, em virtude do momento econômico que o país vive, que tem levado o dólar a subir muito além do esperado. Como todos os componentes eletrônicos que integram equipamentos são importados e cotados em dólar, o aumento de preços, especialmente dos computadores, é praticamente imediato. A Positivo Informática, por exemplo, já anunciou reajuste, para o varejo, de 15% em todos os seus produtos tecnológicos.
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