Na terça-feira (20/1), o Rio de Janeiro comemora o dia do padroeiro da cidade: São Sebastião. Os inúmeros fiéis já se preparam para comemorar a data, que além de ser feridado local e ponto facultativo para funcionários estaduais e municipais, conta com diversas atividadades. A Paróquia de São Sebastião dos Frades Capuchinhos, no bairro da Tijuca, é a principal referência, mas outras atividades marcam a data. Missas, a tradicional procissão e uma programação especial organizada pelo Departamento de Geografia da Uerj exaltam o santo.

São Sebastião viveu nos primeiros séculos do cristianismo. Prestou serviço militar em Milão, na Itália. Nomeado capitão pelo imperador Diocleciano - este contrário ao cristianismo - usava de seu poder para confortar os cristãos quando denunciados ou condenados à morte. Diocleciano, ao identificar Sebastião como cristão, o detém e o força a renegar sua fé. Inflexível, o capitão foi destituído de sua função oficial, torturado, amarrado a uma árvore e alvejado com flechas. Sobreviveu à tortura e manifestou ao imperador sua reprovação pela violência praticada aos devotos de Cristo. Tal atitude fez com que fosse condenado à morte, no ano 303. São Sebastião, o patrono

As cores branca e vermelha remetem ao santo, mas pouco sabem o motivo pelo qual São Sebastião foi escolhido para ser o protetor da cidade e dos cariocas. A história remonta à fundação da cidade, quando a primeira tentativa de Estácio de Sá desembarcar em terras fluminenses, em 1564, não teve êxito. No ano seguinte, conseguiu aportar na Praia Vermelha, no bairro da Urca. Porém, os franceses, junto com os índios tamoyos, lutavam pela conquista da Guanabara. Foi então que Mem de Sá foi desginado para dar reforço à conquista. A batalha decisiva foi travada em 20 de janeiro de 1567, e graças à vitória alcançada no dia do santo, a cidade recebeu o nome de São Sebastião do Rio de Janeiro.

A primeira igreja de São Sebastião construída no Rio de Janeiro ficava situada no Morro Cara de Cão. Quando a cidade foi transferida para o Morro do Castelo, Salvador Correia, o então governador da cidade, iniciou a construção da Igreja do Padroeiro naquele local. Com o desmonte do Morro do Castelo, em 1922, a igreja, pela terceira vez, foi transferida. Desde esta data o templo, os restos mortais de Estácio de Sá e o marco da fundação da cidade estão na Igreja de São Sebastião dos Frades Capuchinhos, no bairro da Tijuca. Na fachada da Igreja há um painel de azulejos que representa a Fundação da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Tradicional centro de peregrinação não apenas no dia 20 de janeiro mas durante todo o ano, a igreja organizou para a festa do padroeiro missas que começam às cinco da manhã. As outras cerimônias acontecem às 6h, 7h, 8h, 10h, ao meio-dia, às 15h e a última, às 18 horas. A procissão sairá às 15 horas rumo a Catedral Metropolitana, onde haverá a encenação sobre a vida do santo. Em seguida a procissão retorna à paróquia para a missa de encerramento.

Na UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), o professor João Baptista Ferreira de Mello, do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Espaço e Cultura (NEPEC), Departamento de Geografia Humana, organizou para a noite da próxima quarta-feira (dia 21) o evento "Os tambores e as flechas de São Sebastião do Rio de Janeiro - A riqueza musical de uma cidade". A homenagem, aberta à comunidade, visa analisar músicas que falam de São Sebastião e da cidade do Rio de Janeiro.

- Temos sempre que louvar a cidade. A musica do Rio de Janeiro é muito representativa e rica. Selecionamos diversas músicas, mas tivemos que chegar a um final de 28 músicas, que algumas serão apresentadas na íntegra e outras, só com os trechos mais relevantes. Tem uma canção do Billy Blanco chamada "O Rio do meu amor" que representa muito bem a cidade. Outra do João Roberto Kelly que diz "foi Estácio de Sá que fundou e São Sebastião abençoou". Queremos mostrar para as pessoas este acervo de músicas maravilhosas sobre uma cidade dadivosa, disse o professor João Baptista Ferreira de Mello, que defendeu sua tese de mestrado na UFRJ sobre tema Música e Geografia.

A programação "Os tambores e as flechas de São Sebastião do Rio de Janeiro - A riqueza musical de uma cidade", começa às 18 horas, no auditório 13, da Uerj, que fica na Rua São Francisco Xavier, 524. Informações pelo telefone 21-8871-7238.

Outras informações sobre as missas e a procissão estão disponíveis através dos telefones (21) 2569-2852 / 2569-6416. A Paróquia de São Sebastião dos Frades Capuchinhos fica na Rua Haddock Lobo, 266 - Tijuca.