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ANALISTAS VEEM NO DISCURSO A RAZÃO DA APROVAÇÃO DE LULA
Agência Estado/CAROLINA FREITAS E RICARDO LEOPOLDO, quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
ANALISTAS VEEM NO DISCURSO A RAZÃO DA APROVAÇÃO DE LULA
SÃO PAULO - A popularidade do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), continua em alta, a despeito dos efeitos da crise financeira global no País. Para especialistas ouvidos pela Agência Estado, o índice de 84% de aprovação do presidente, divulgado hoje na pesquisa CNT/Sensus, é um dos mais altos da história e só encontra paralelos em Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek e pode ser explicado pelo grande poder de comunicação que Lula mantém com grande parcela da população.



"Apesar dos efeitos da crise, o discurso do Lula ainda convence. Ele tem carisma e consegue passar para boa parte da população a ideia de que o País vai viver dias melhores", disse o cientista político e pesquisador da PUC e Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo, Marco Antonio Carvalho Teixeira. As políticas de transferência de renda, como o Bolsa Família, também são, na opinião dos analistas, o ponto essencial para definir a avaliação da população sobre Lula. "Se a crise não afetar esses programas, não haverá impacto na popularidade", afirmou o cientista político e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fábio Wanderley Reis.

O sociólogo e cientista político Carlos Melo, do Ibmec São Paulo, também atribui aos investimentos sociais a aprovação do governo federal. "A crise não chegou onde a ação do governo é mais forte, nas políticas públicas", disse. "A crise tem afetado indicadores de difícil compreensão para a maioria do povo, longe da inflação e do custo de vida. E o desemprego ainda não se tornou um drama social."



Para Melo, um eventual agravamento da crise poderá colocar em xeque a liderança de Lula. "Se piorar muito, veremos se a popularidade se sustenta", disse. O professor evitou estimar um piso para o índice de aprovação do petista, mas ponderou que o número jamais cairia "a míseros 20%". "Afinal, existe um patamar a ser preservado." Para Melo é provável que entre os 12% que desaprovam Lula já estejam as pessoas afetadas pelos primeiros sinais da crise. "A questão agora é saber os impactos para os que estão entre os 84% satisfeitos com Lula."



O cientista político e pesquisador da PUC e FGV de São Paulo, Marco Antonio Carvalho Teixeira, associa a alta popularidade de Lula ao fato dele ser um grande comunicador e também à incapacidade dos partidos de oposição em sustentar uma crítica consistente ao governo federal. Carvalho Teixeira - que cunhou no auge do escândalo do mensalão a expressão "efeito Teflon" para exemplificar o fato de o presidente Lula manter a sua popularidade em alta diante das crises -, ainda pondera: "Apesar dos efeitos da crise, o discurso do Lula ainda convence. Ele tem carisma."



GETÚLIO E JK





Para o diretor para a América Latina do Eurasia Group em Nova York, Christopher Garman, o alto nível de confiança dos brasileiros em Lula só encontra paralelo em Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. Isto significa que ele seria o presidente mais bem avaliado pelo povo nos últimos 50 anos. Fábio Wanderley, da UFMG, também credita parte do aumento da popularidade do presidente à sua imagem pessoal. "Ele tem uma imagem com a qual o povo se identifica, por exemplo, no linguajar truncado", disse Wanderley. "É um fator subjetivo, portanto difícil de ser influenciado por dados objetivos, como notícias econômicas ruins."



Na opinião de Garman, o surgimento de crises não é necessariamente ruim para a popularidade dos governantes. Ele ressaltou que a ruína financeira vivida pela Rússia em 1998 e que causou aversão muito forte dos investidores em relação ao Brasil, foi um fator que colaborou bastante na reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.



"Na ocasião, ele se mostrou ao eleitorado como o candidato mais capacitado para dirigir o País em meio à crise internacional", afirmou Garman. "O índice de aceitação do ex-presidente Cardoso caiu em dois episódios: em 1999, quando ocorreu a mudança do regime cambial e grande desvalorização do real ante o dólar e em 2001, com os problemas nacionais de energia."
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