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A CORUJA DE SALAMANCA
Ático Vilas-Boas da Mota, sábado, 4 de abril de 2009
A CORUJA DE SALAMANCA

O estudo dos expoentes que honram a galeria da cultura universal sempre me fascinou, não só do ponto de vista das próprias obras que enriquecem as estantes das bibliotecas, embelezam as galerias e os museus, mas, também, por tudo aquilo que a oralidade, esta tradicional comunicação de boca a ouvido, (eu jamais diria de boca em boca!) soube guardar. Pois bem: Hoje vou chamar a atenção dos caros leitores e ouvintes da nossa bela Rádio Melodia para a figura singular de Miguel de Unamuno (1864-1936), ensaísta, poeta, romancista e filósofo espanhol, nascido em Bilbau e, sendo entranhadamente basco, herdou de sua província aquilo que os seus compatriotas de outras regiões chamam de "gente testaruda" (= gente teimosa) que eu, pelo contrário, prefiro denominá-la de persistente, firme, perseverante. Suas obras testemunham bem alto todas as virtudes que acabei de anunciar-lhes. Várias. As mais citadas, contudo, são as seguintes: Andanças e visões espanholas e O sentimento trágico da vida. Mas eu prefiro, em primeiro lugar: Vida de Dom Quixote e Sancho (1905). Aliás, convem lembrar o provérbio luso-brasileiro: Gostos não se discutem. Fiel à sua própria cosmovisão, tinha a Espanha como exemplo ideal e, por isso mesmo, irredutível. Certa vez, foi interpelado por um jornalista: "Dom Miguel, o senhor não acha que a Espanha deveria europeizar-se?" E a resposta fulminante não se fez esperar: "A Europa é que deve espanholizar-se!"


Uma curiosidade literária: Os romances e contos de Unamuno não têm propriamente enredo nem discrição de ambientes, mas são de suma originalidade de pensamento e forma, pois o seu autor era um verdadeiro pensador e esgrimista da palavra. Apesar de haver exercido na Espanha uma imensa influência, não conseguiu formar muitos discípulos. Foi, por longos anos, professor de grego e reitor da Universidade de Salamanca. Do seu rosto, destacavam-se duas rotundas lentes oculares somadas à sua fama de muito sábio, o que lhe valeram o pilhérico apelido: "El buho de Salamanca". Sua excentricidade, melhor seria dizer: suas vivências originais e seus pensamentos invulgares, faziam dele um ser bastante singular. Alguns de seus gestos podem até nos causar perplexidade, por exemplo: a) na qualidade de condutor universitário, não gostava de dar expediente sentado em sua cadeira reitoral, preferindo atender aos que o procuravam caminhando pelo corredor, conversando, enquanto com uma tesourinha picotava tiras e mais tiras de papel e, ao final daquelas audiências deambulatórias, via-se uma enorme esteira de recortes como se fosse uma verdadeira trilha de formigas b) conhecia praticamente toda a sua querida Salamanca por meio de longas caminhadas a pé, durante as quais mantia espichadas palestras com as pessoas das mais diversas categorias sociais c) todos se admiravam de suas vestes sempre limpas e bem cuidadas, pois lhes davam a impressão de serem sempre as mesmas. Puro engano: O reitor Unamuno mandava sempre confeccionar vários ternos da mesma cor. E, para findar a minha parlenda de exemplos surpreendentes - sobretudo desconcertantes - aqui deixo o seu pessimismo: para ele, não havia diálogo, porque este não passava de simples monólogos costurados. Morreu - parece ironia do destino - segundo a sua opinião, sozinho, isto é, enquanto dialogava com um amigo à beira de uma lareira.


Na sua pátria, foi-lhe prestada a mais expressiva e duradoura homenagem, graças à implantação de uma Cátedra que ostenta o seu nome e publica os excelentes "Cuadernos de la Cátedra Miguel de Unamuno", nos quais a vida e obra dessa célebre personalidade das letras hispânicas vêm sendo viradas pelo avesso. Ao terminar, volto a insistir: Miguel de Cervantes (1547-1616) encontrou em Miguel de Unamuno um dos seus melhores exegetas e, com certeza, o seu maior parafrasta!


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