Pesquisas recentes, feitas por diversas entidades médicas, não deixam mais dúvida quanto à péssima qualidade da alimentação dos brasileiros. Uma das mais completas, encomendada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), além de levantar os piores hábitos, indica, com o mapeamento da obesidade no país, a relação direta entre o que se põe no prato e o alto índice de quilos a mais da maioria da população. Somos 63,1% de pessoas com excesso de peso, sendo que 3% já cruzaram a fronteira para a obesidade mórbida.
Se, além de mais gordinha, podemos considerar que a população está vivendo mais, fica fácil deduzir que o aumento da expectativa de vida do brasileiro, antes de ser um presente, pode significar mais tempo para amargar uma série de problemas crônicos que afastam qualquer perspectiva de um envelhecimento saudável.
É preciso, portanto, "rever os hábitos à mesa", alerta o nutrólogo Edson Credídio, da diretoria da Associação Brasileira de Nutrologia. Segundo ele, não há mais dúvidas quanto à íntima relação entre hábitos de vida, especialmente dieta alimentar, e o aumento vertiginoso de uma série de doenças, entre elas, as cardiovasculares e o diabetes.
Um dos principais avanços em nutrição humana foi justamente a constatação científica de que o alimento funciona mais do que como um simples combustível do corpo de que a qualidade do que se come determina a maneira como a máquina funciona e de que a dieta, portanto, pode dizer o quanto e como uma pessoa vai viver. "Só haverá motivação para um novo padrão de comportamento quando essa mentalidade se consolidar", afirma Credídio.
Quando isso acontecer, além de se alimentar com equilíbrio, moderação e variedade, princípios básicos da boa nutrição, as pessoas poderão fazer um planejamento de vida futura, garantindo estoques de saúde fundamentais para o bom envelhecer.
Elas poderão usufruir de todo o potencial dos alimentos, absorvendo deles não só energia, mas as chamadas substâncias nutracêuticas, reconhecidamente capazes de prevenir doenças. É quando vamos passar a colocar no prato, desde a primeira infância, boas fontes de fibra para evitar a constipação doses generosas de ferro para combater a anemia, ou os poderosos antioxidantes, que, além de ajudar a desacelerar o processo de envelhecimento, previnem vários tipos de câncer.
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