Grande parte da história do Brasil baseia-se nos testemunhos preciosos e, às vezes, imprescindíveis brindados pelos diversos estrangeiros que vieram de muito longe para conhecer de perto o país achado em 1500, espaço de muitas surpresas para aqueles que têm olhos de enxergar. Muitos palmilharam o país sobretudo no século XIX, o de nossa afirmação política. Procediam de muitas partes da Europa. Dentre eles, destaca-se o francês L. F. Tollenare (1780-1853), personalidade superdotada que sabia levantar muito bem o véu da nossa realidade de maneira lúcida e perspicaz.
Viera ao Brasil à busca de clima quente para sua saúde, aqui permanecendo 8 (oito) meses, tendo a oportunidade de presenciar a malograda Revolução Pernambucana de 1817, inclusive como testemunha ocular de algumas execuções, por exemplo: a do Padre Tenório que muito o comoveu. Esteve também em Salvador (BA).
Infelizmente parte de suas anotações se perdeu, conforme a sua própria declaração. Conviveu com as mais variadas personalidades e conheceu profundamente a vida econômica e social de Pernambuco que lhe mereceu um retrato de corpo inteiro. Escreveu o precioso livro &ldquoNotas dominicais&rdquo, cujos manuscritos conservam-se na Biblioteca Sainte Geneviève em Paris. A parte relativa a Pernambuco foi traduzida e publicada, em 1905, por Alfredo de Carvalho (1870-1916) e a parte sobre a Bahia saiu na Revista do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (vol. 14).
Finalmente, em 1956, esta obra foi publicada na integra em Salvador com o titulo: Notas dominicais, tomadas durante uma viagem em Portugal e no Brasil em 1816, 1817 e 1818. (Livraria Progresso Editora), seguida pela Secretaria de Educação e Cultura de Pernambuco (1978).
Observador atento, conseguiu registrar, o máximo possível, tudo aquilo que viu e ouviu em suas anotações por este mundo a fora. O Brasil naquela altura recebia a influência benéfica da cultura francesa. É bom fazer a diferenciação entre influência cultural benéfica e domínio (ou estupro) cultural maléfico. A moda, a etiqueta, as leituras, os costumes, enfim, tudo nos vinha da França para a plena satisfação e alegria da superestrutura social, porque o povo geralmente não participava daquelas primícias e privilégios culturais. Contudo, aquele viajante tinha um olhar de lince e nada se lhe escapou. No Brasil, disse ele: tudo se faz em francês, mas os negócios são feitos em inglês!
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