A campanha ao Palácio do Planalto já está na web. Dezenas de partidários e apoiadores de políticos que figuram na lista dos presidenciáveis começam a colocar na rede conteúdo de campanha ("não-oficial", segundo os partidos) de olho na corrida eleitoral de 2010. Clipes publicitários, blogs e comunidades são as principais plataformas para esse tipo de divulgação. A legislação vigente veta propagandas antes de 6 de julho de anos eleitorais.
No pleito de 2008, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) impôs restrições à divulgação de informações sobre o candidatos na internet. O tribunal definiu que a propaganda só seria permitida na página do candidato destinada à campanha. Proibiu às outras ferramentas, como sites de relacionamento e blogs, divulgarem informação que pudesse configurar propaganda favorável ou contrária a um candidato.
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João Wainer/Folha Imagem |
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Nas eleições do ano passado, o TSE impôs restrições à divulgação de informações sobre os candidatos na web |
Além de irritar internautas, que acusaram o tribunal de censura, a medida confundiu o eleitorado. Ficou difícil decifrar o que era e o que não era permitido em cada Estado. Desta vez, os usuários da internet não esperaram uma resolução da Justiça para começarem a agir.
"Nem se sabe ao certo quais candidaturas se farão presentes em 2010, mas já é possível especular, defender e atacar lançando mão dos mecanismos midiáticos digitais", destaca o cientista político Francisco Marques Jamil, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
"Este é o momento para começar a construir as redes de apoio dos candidatos na internet --principalmente porque eles têm de ser confirmados dentro de seus próprios partidos e bases", aponta Francisco Brandão, pesquisador da UnB (Universidade de Brasília), que participa da formulação de um manual, para eleitores e candidatos, sobre as eleições de 2010 na web.
Surfe eleitoral
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), é o presidenciável com maior número de comunidades no Orkut em incentivo a sua candidatura: 52. Quase empatada está a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), com 51. O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), aparece com 32, dez a mais do que o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB).
A ex-senadora Heloísa Helena (PSOL) tem 20 comunidades com esse propósito, seguida pelo deputado federal Ciro Gomes (PSB), com 19. Derrotado na eleição para a prefeitura do Rio do ano passado, o deputado federal Fernando Gabeira (PV) recebeu 16 espaços do Orkut pedindo para que ele tente a Presidência em 2010.
Na mesma rede social, 74 comunidades torcem para que Lula tente um terceiro mandato consecutivo --o presidente e o governo federal registraram em janeiro novo recorde de avaliação.
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Arte/Folha Online |
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Fora do Orkut, os apoiadores de Dilma fazem mais barulho. Ela ganhou pelo menos seis vídeos de campanha no site YouTube, além de dois canais próprios para o tema, chamados Dilma2010 e AgoraeDilma13. Os clipes misturam "os melhores momentos" da ministra, com entrevistas, estatística do governo Lula e ataques aos tucanos. O vídeo mais recente, publicado em 10 e janeiro, intercala imagens da petista com a música "Musa de Qualquer Estação", de Gal Costa.
Reprodução |
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Campanha on-line incentiva deputado Fernando Gabeira a se candidatar em 2010 |
Os militantes virtuais petistas também montaram blogs (Blog da Dilma 13, Dilma Presidente, Os Amigos da Presidente Dilma e Dilma é a cara). Movimento semelhantes ocorreu com seu hipotético adversário tucano de São Paulo, em joseserrapresidente45.blogspot.com e euqueroserra.blogspot.com.
Com menos alarde, Aécio Neves e Ciro Gomes também conseguiram algum apoio na internet, por meio de dois blogs com endereços parecidos: ciropresidente.blogspot.com e aeciopresidente.blogspot.com.
Na esteira da campanha de Obama nos EUA, e-mails circularam nos últimos dias sugerindo a candidatura de Gabeira (veja ao lado).
Há ainda um anúncio on-line que oferece os endereços aecio2010.com, geraldoalckmin.com e lula2014.com por R$ 500 cada. O responsável pela venda, que não quis se identificar, diz que os preços devem subir nos próximos meses.
"Eu estou especulando, depende do momento. Hoje, está a R$ 500, mas pode chegar a R$ 5 mil, se for época de eleição", afirma.
Abertura
"Acredito que na eleição de 2010 já tenhamos uma mentalidade bem mais contemporânea quanto ao uso da internet enquanto ferramenta de discussão e propaganda política", disse à Folha Online o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Carlos Ayres Britto.
Sergio Lima/Folha Imagem |
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"Acredito que na eleição de 2010 já tenhamos uma mentalidade bem mais contemporânea quanto ao uso da internet", diz Ayres Brito |
No final de outubro do ano passado, Ayres Britto já havia se manifestado favoravelmente à eliminação das restrições ao uso da internet e defendeu inclusive o uso da rede para realização de doações de campanha.
"Um dos aspectos mais interessantes e importantes para a campanha de Barack Obama foi a oportunidade de se contribuir financeiramente para a empreitada do candidato democrata através de seu website", destaca o cientista político Francisco Marques Jamil, da UFMG.
A assessoria de imprensa dos políticos preferiram não comentar o conteúdo reportado neste texto, por se tratar de "campanha não-oficial". O TSE informa que os casos podem vir a ser alvo de análise no futuro, por isso também não pode se declarar sobre cada um deles.