A prática da extravagância é um exercício humano que, às vezes, não passa de um simples desabafo, cujo nome rebuscado é catarse ou expurgação mental. Exercitemo-la:
a) O provérbio, arca de inegável sabedoria popular, não hesita em afirmar: Em terra de cego, quem tem um olho é rei... Mas eu contexto: Em terra de cego (s) quem tem um olho vai ser apenas um pobre guia de cego (s)...
b) Abraham Lincoln (1809-1865) chegou a afirmar categórico: “Pode-se enganar todo o povo, parte do tempo; pode-se enganar parte do povo todo o tempo, mas não se pode enganar todo o povo, todo o tempo...” Mas eu, com os olhos escancarados e as antenas do espírito sempre voltados para a nossa realidade – nem sempre promissora – ouso replicar-lhe: Não é bem assim, pois alguém pode enganar todo o povo, todo o tempo se for dono de uma cadeia de estações de TV.
c) Monteiro Lobato (1882-1948), o ponto alto da literatura para crianças, no Brasil, em determinadas circunstâncias, revela-se muito otimista, ao afirmar, por exemplo: “Uma nação se faz com homens e livros!...” Este enunciado, apesar de louvável, comporta uma reflexão complementar, porque se mostra pela metade. Existem homens e homens, livros e livros. Melhor seria ampliar: Uma nação se faz com homens de bem e livros bons!
d) No meu contínuo e longo exercício de ler, tenho deparado tantas distorções de fatos passados, que cheguei a conclusão desconcertante: A maneira mais fácil de mudar a história, a ponto de torná-la irreconhecível, é tornar-se historiador, embora tenhamos historiador e historiador.
e) Não acredito que existam autênticos ateus, porque aqueles que assim se declaram, ainda não se deram ao trabalho de refletir sobre o axioma: Não há efeito sem causa! Quem teria criado as galáxias e os universos paralelos? Seria bom que refletissem sobre o assunto. Talvez não queiram ter o trabalho de raciocinar sobre a suprema “causa necessária” e esperam, apenas, a sua passagem da terceira para a quarta dimensão (morte) quando, então, terão a prova de tudo. São uma espécie de positivistas às avessas, ou seja, aguardam a possibilidade de fazer uma experimentação concreta no espaço metafísico. Só assim poderão acreditar naquilo que passaram a vida inteira negando ou daquilo que sempre duvidaram. De qualquer forma, com a duvida ou negação deles, Deus – sempiterno e presente – continuará existindo, porque não precisa da aprovação das suas próprias criaturas!.
Bem, por já ter abusado da paciência dos leitores, vou ficando por aqui, mas lhes prometo retornar com novos petardos extravagantes! Tenham paciência!