Cresce número de brasileiros que moram só, comem fora e gastam muito
Em 2016, o número de brasileiros morando sozinhos chegará a 12 milhões, segundo estimativa do IBGE. E esse público, exigente, começa a redirecionar ações de setores da economia.
O alimentício foi a primeiro a ter de se adequar às exigências dos singles, ou simplesmente sozinhos.
Pesquisa da Market Analysis mostra que 80% dos sozinhos são mais exigentes e buscam preços melhores do que as famílias.
Para atender esse consumidor, alguns supermercados oferecem verduras embaladas em pequenas quantidades e até cortadas, prontas para o consumo, e ovos em embalagem de seis unidades.
Na seção de frios, as pequenas porções também estão presentes: presuntos, queijos, carnes, minipizzas, iogurtes, sobremesas, entre outros alimentos.
Os singles são responsáveis por 40% do consumo de produtos embalados individualmente.
Segundo o diretor regional da rede Pão de Açúcar, Walter Zaim, a variedade de comidas prontas e semiprontas congeladas, que é expressiva, seria maior se a indústria ofertasse mais produtos.
A rede, que abrange também o Extra, tem na bandeira Pão de Açúcar posicionamento que explora significativamente o cliente single.
“Estamos atentos às mudanças de hábito. Temos ações direcionadas a esse público, que quer rapidez e praticidade. O Extra é para a família, mas a linha de produtos é a mesma em toda a rede.”
O estudo da Market mostra que desse grupo, 36% dizem que comem em redes fast foods. Passeios a bares e restaurantes foram citados por 42% contra 21% da população em geral.
Segundo Fabián Echegaray, diretor da Market, os sozinhos gastam em média 56 minutos por dia na internet contra 34 minutos da população em geral.
Solitários preocupam-se com desperdício
Em função dessas adaptações que a indústria alimentícia e os hiper e supermercados adotaram, viver sozinho está mais prático.
O medo de desperdiçar comida já não atinge a aposentada Maria Santa Marini Remondini, 76 anos. Há 20 anos, ela mora sozinha e no começo teve dificuldades na hora das compras.
“Não gosto de desperdiçar nada. Fazer uma lasanha, pizza e outros pratos só para mim, além de sair mais caro sobraria muita comida. Os alimentos congelados e individuais atendem minhas necessidades”, diz.
Alice Pereira Piccirillo, 78, enfrentou as mesmas dificuldades. Ela gosta de cozinhar em grandes quantidades quando recebe filhos e netos, mas escolheu comer em restaurantes quando está sozinha.
Nas compras de supermercado para os lanches da noite e café da manhã, tem o cuidado de adquirir produtos em menor quantidade.
“Sempre presto atenção no prazo de validade dos produtos e busco aqueles que são destinados a pessoas sozinhas. Assim, mantenho uma alimentação saudável e sem exageros.”