O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), foi alvo de "fogo amigo" na tarde desta segunda-feira (6), no plenário da Casa. Em discurso, seu colega de partido Jarbas Vasconcelos (PE), notório por sua postura crítica ao PMDB, disse que Sarney "personifica" a crise do Senado e que, por isso, deve se afastar do cargo.
Jarbas: Sarney personifica distorções de 15 anos no Senado
"A crise impõe uma tomada de posição, e a minha é pelo afastamento imediato do presidente desta Casa. Qualquer reforma administrativa só será realizada se tiver o mínimo de aprovação da opinião pública. Sua excelência [Sarney], infelizmente, personifica todas as distorções que ocorreram nos últimos 15 anos", afirmou.
Vasconcelos criticou também a defesa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez da permanência de Sarney na presidência do Senado. Na opinião do senador, o único interesse de Lula é manter o apoio do PMDB para o futuro, visando à eleição de um sucessor, no caso, sucessora, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).
"O presidente Lula planejou em detalhes todos os eventos políticos para os próximos meses, para que ao final eleja sua candidata, a ministra Dilma. Entre esses eventos, consta em destaque o apoio do PMDB; interessa à sua excelência o tempo de televisão, a grande estrutura partidária e o apoio congressual em um futuro governo", disse o peemedebista.
"Nosso presidente não tem pudor algum. Tudo fará para permanecer no poder, inclusive comprometer seus correligionários e destruir o que ainda resta de dignidade no Congresso Nacional, especialmente no Senado Federal."
Vasconcelos conclamou os senadores petistas a "reafirmarem a decisão da bancada" pelo afastamento de Sarney da presidência -decisão que, em sua opinião, foi comprometida pela atuação do presidente Lula. "Sua excelência procurou intimidar os senadores do PT que cometeram o sacrilégio de insurgirem-se contra o roteiro que havia estabelecido para o período eleitoral que se avizinha."
Vasconcelos finalizou o discurso "chamando à razão" o presidente Sarney, para "fazê-lo ver que está destruindo a si mesmo e a esta Casa".
Em seguida, o petista Eduardo Suplicy ponderou que a posição da bancada do PT é um "processo em andamento" e disse que nesta terça (7) os senadores vão se reunir para discutir a crise no Senado. "O diálogo que tivemos na última quinta-feira com o presidente Lula foi um diálogo de troca de ideias, de reflexão, de maneira alguma de enquadramento", disse Suplicy.
Apesar da expectativa que cerca a reunião dos petistas prevista para esta terça, o encontro poderá ser adiado. De acordo com a assessoria da liderança do partido, Aloizio Mercadante ainda "está avaliando" se há novos fatos para a reunião.