A economia mundial deverá passar por um realinhamento até 2020, com uma queda de importância dos Estados Unidos ao mesmo tempo em que Brasil, China e Índia ganharão mais destaque no cenário global, segundo projeções do International Poverty Centre (IPC).
International Poverty Centre prevê realinhamento da economia global.
De acordo com as previsões do IPC, ligado ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), até 2020 o Brasil vai ganhar um significativo peso econômico.
O IPC projeta que em 2020 a economia brasileira seria cerca de 38% maior do que a do Leste Europeu e próxima de um quinto da economia dos Estados Unidos.
A renda per capita do Brasil deverá crescer a um ritmo de 3,4% até 2020, segundo as previsões do IPC.
"(O Brasil) deverá se beneficiar da demanda contínua por suas exportações de commodities e do aumento do comércio e do investimento intra-regional", diz o estudo.
"Mas suas políticas financeiras conservadoras, que sustentam o valor de sua moeda, indicam que seu pequeno déficit em conta corrente vai mudar pouco até 2020."
As projeções foram feitas considerando o impacto do aumento do petróleo, da queda do dólar e de uma possível recessão nos Estados Unidos na economia global.
China
Segundo as projeções do IPC, em 2020 a China será a maior economia do mundo, "ultrapassando facilmente tanto a dos Estados Unidos quanto a da Europa".
As projeções indicam que o tamanho da economia chinesa (medido em termos de paridade de poder de compra), que hoje equivale a cerca de 86% da economia dos Estados Unidos, passará ao equivalente a 132% em 2020.
O IPC projeta uma queda na renda per capita nos Estados Unidos a partir de 2013, com o fim do impacto do pacote de estímulo monetário e fiscal implementado pelo governo americano em resposta à atual crise econômica.
"No período de 2008 a 2020, o crescimento projetado da renda per capita nos Estados Unidos é de apenas 0,5% por ano, bem abaixo da maioria dos outros países desenvolvidos", diz o estudo.
Para sua projeção, o IPC considera que o pacote de ajuda estará em vigor entre 2008 e 2011. "Se esse estímulo que nós projetamos não fosse aplicado, o resultado projetado seria bem pior", diz o texto.
Em contraste com a estagnação e o declínio previstos para os Estados Unidos, a renda per capita da China deve crescer a 4,7% ao ano durante o período de 2008-2020, segundo o IPC.
"Essa é uma marcada redução de ritmo em comparação a sua recente taxa de crescimento de 7% a 8%. Mas ainda alta se comparada às taxas projetadas para outros países em desenvolvimento e desenvolvidos", diz o estudo.
Segundo o IPC, devido à desaceleração global, especialmente à estagnação dos Estados Unidos, "o substancial superávit em conta corrente da China em 2008, de 6,8% do PIB, seria reduzido em 3 pontos percentuais em 2020".
As projeções indicam ainda que a economia chinesa irá "enfrentar novos desafios depois de 2020 por causa do aumento das importações de manufaturados, matérias-primas e energia de alto custo".
Índia
A economia da Índia aumentaria do equivalente a cerca de 35% da economia dos Estados Unidos em 2008 para cerca de 55% em 2020 e ultrapassaria o tamanho da economia do Japão em cerca de 45%, segundo o IPC.
"A projeção é de que a Índia continue seu atual ritmo de crescimento de 4% na renda per capita até 2020, apesar da desaceleração global", diz o IPC
Segundo o IPC, como a Índia é menos dependente de importações do que a China, sua conta corrente iria melhorar, passando de um déficit de -2,4% em 2008 para um pequeno superávit de 0,5% em 2020.
Para o IPC, "as principais determinantes do declínio americano são problemas profundamente estruturais, como a persistência de um grande déficit em conta corrente e um oneroso endividamento externo".
O IPC projeta que a desvalorização do dólar vai parar em 2010. Também prevê que o déficit em conta corrente americano aumente de -5,5% do PIB em 2008 para -6,3% em 2020.
Segundo o IPC, as mudanças previstas para a economia global "podem ser ainda mais dramáticas" se as políticas econômicas do Brasil, da China e da Índia forem ajustadas para intensificar suas perspectivas de desenvolvimento de longo prazo.
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