Você usa o celular quando está dirigindo? Se usa, é um tremendo irresponsável. Além de colocar em risco a própria vida, você é uma ameaça a muitos pais de família e à pessoas inocentes, que também tem o direito de ir e vir. Você é mais um daqueles que acreditam na impunidade ou então é um grande “aparício”, que adora mostrar que tem um daqueles telefones moderninhos, cheios de botõezinhos coloridos, com TV, GPS, internet....
Há cerca de 25 anos, se a velha memória não me trair, o celular chegou no Brasil. Em Divinópolis, o auge da chiqueza era tomar altos uísques no então point de mauricinhos e patricinhas, a Cervejaria Savassi. O caro uísque nunca estava sozinho sobre a mesa. Um ou outro mais abastado, e mais aparecidinho, fazia questão de colocar a grande novidade sobre a mesa: o celular. E bota grande nisso. Os primeiros aparelhos eram monstruosos. Enormes, com longas antenas, mais pareciam monstrengos e não telefones. Mas, como apenas uma meia dúzia tinha acesso ao equipamento era “chique no úrtimo” botar o danado sobre a mesa de um bar para que todos pudessem ficar ali admirando aquela coisa que falava sem nenhum fiozinho sequer. Se hoje existem as marias-chuteiras, marias- gasolina, marias isso e marias aquilo, certamente um dia existiram as marias-celulares. Ah, e como existiram.
Hoje, ficar por aí esnobando celular é o supra-sumo do brega. É pior do que a onda do gerundismo: “Vou estar ligando para meu chefe e estar avisando o horário que vocês estarão se encontrando”. Ninguém merece isso. Ou merece?
Na verdade, o celular se popularizou com o advento do telefone pai-de-santo. Aquele que só recebe. Você já deve ter recebido uma ligação rápida de algum conhecido que vai logo lhe dizendo: me liga que meus créditos estão no fim. Incrível, mas os créditos dos telefones de todo mundo que usa o pré-pago quase sempre estão no fim. Especialmente quando nos ligam.
Celular já não é novidade. É ferramenta de trabalho. E ninguém resolve absolutamente nada enquanto está dirigindo. Não me venham com essa conversa. Especialmente quando se reside numa cidade como Divinópolis, onde quem pode ir para o trabalho de carro, não leva mais do que 15 minutos para chegar ao seu destino. Dirigir usando o telefone sob o pretexto de que está se resolvendo algo muito sério, é lorota das grossas.
Eventualmente usar o telefone ao volante, pode até ser inevitável. Um recado rápido, um aviso para um necessário desvio de rota, uma comunicação inadiável. Ainda assim, em casos de extrema urgência, é condenável, pois, além de ferir a legislação, em momentos assim é que o sujeito pode se distrair. E, todos sabem, um piscar de olhos no trânsito pode ser fatal.
Boa parte dos divinopolitanos está se conscientizando na marra de que nem sempre é aconselhável dirigir usando o celular. O problema é que o município anda louco para aumentar a arrecadação. E as multas de trânsito, sem dúvida, fazem parte do pacote. Vão espernear, como sempre, mas na cidade está instituída a indústria da multa. Vacilou, tomou. Tem gente sendo multado até por telepatia. Ou por celular, como queira.
Entretanto, parece que, neste caso das canetadas no trânsito, pau que anda acertando chicos, também está pegando franciscos, antônios, josés, marias, joaquins.... Eu disse, parece...
Veja só, um dos homens de confiança do prefeito de Divinópolis, Vladimir Azevedo (PSDB), o professor, cientista político e atual secretário de Planejamento e Gestão, Luiz Antônio Arquetti Faraco Júnior, levou duas “canetadas” em apenas 15 minutos. No dia 14 de maio, Faraco foi multado às 14h25 por usar o celular enquanto dirigia seu Astra na Avenida 1º de Junho. Às 14h40 do mesmo dia, poucos metros adiante ainda na avenida 1º de Junho, ele foi pego no pulo pela segunda vez e levou outra canetada, pela mesma infração. Pode?
Faraco, pelo que sei, é cumpridor das leis. Mas, neste caso, deu um belo pisão no tomate e um péssimo exemplo para quem faz parte da administração pública. Seria o reflexo do próprio governo Vladimir, que só dá linha ocupada.
