No início do mês, um adolescente de 15 anos morreu espancado em uma clínica de reabilitação para viciados em internet, no sul da China. O problema, mais divulgado no país asiático, tem se espalhado por todo o mundo.
Apesar de não haver consenso, de acordo com um estudo da Universidade La Salle, divulgado em 2008, há um total de 50 milhões de adictos na web.
Um relatório da entidade de psicologia britânica Advances Psychiatric Treatment estima, por sua vez, que o número de compulsivos gira de 5% a 10% do total de internautas no mundo (estimados em 1,3 bilhão de pessoas, de acordo com o Internet World Stats) —isso dá cerca de 100 milhões de pessoas.
Qualquer que seja o número real, o fato é que a cada dia mais e mais pessoas têm compulsão por usar a internet. Seja a web como um meio para alcançar o vício como sites com pornografia ou que realizam jogos online, por exemplo, ou o vício pela própria internet. Não é pouco comum pessoas que passam horas em frente à tela do computador, acessando e-mails, navegando no Orkut, pulando de página em página eletrônica, sem qualquer objetivo específico, mas "estando conectado".
Clínicas que atendem a pacientes em São Paulo, como o Proad (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e o NPPI (Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), tem a demanda aumentada mensalmente.
"Não há um estudo solidificado do número de dependentes de internet no Brasil ou no mundo. Mas, de acordo com nossa experiência empírica, acreditamos que este número vem subindo paulatinamente", diz Aderbal Vieira, do Proad. Para comprovar essa escalada, a professora Rosa Farah mostra os números de atendimentos realizados pela PUC desde 2006 até 2008, quando foi realizado o último levantamento.
"Em 2006, o grupo de atendimento recebeu quinze e-mails solicitando orientação com relação ao vício. Em 2007, foram cinqüenta e-mails com pedidos de orientação", conta. "Houve um crescimento considerável. Para se ter uma idéia, somente no primeiro semestre de 2008, houve um total de 31 e-mails relatando problemas".
Nesta reportagem, você confere como funcionam os tratamentos nas duas clínicas e em outras iniciativas ao redor do mundo. Além disso, descobre de que forma pode-se identificar se há o problema do vício e como combatê-lo. Por fim, há um teste que visa, de forma genérica, indicar se você pode ter o problema.