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COMEÇA A ERA DO REFUGIADO DIGITAL
El País / Verónica Calderón, domingo, 6 de setembro de 2009
COMEÇA A ERA DO REFUGIADO DIGITAL

Até um mês atrás, poucos tinham ouvido falar de Cyxymu. O nome se refere a Sujumi, a capital da Abcázia, uma das regiões autônomas da Geórgia, e também é o apelido utilizado por Georgy, um professor de economia de 34 anos que vive em Tbilisi, capital da república. Seu blog é escrito em georgiano e em russo, e a maioria das mensagens se refere a receitas de cozinha típica da região, fotos antigas de suas cidades ou vídeos de danças tradicionais. Mas também falam de algo mais: abordam temas de política interna da região, nos quais demonstram uma posição igualmente crítica diante dos governos russo e georgiano. Foi aí que começaram seus problemas.


Cyxymu foi indicado como alvo dos ataques que fizeram despencar o popular serviço de micromensagens Twitter e a rede social Facebook em 6 de agosto passado, apenas alguns dias antes do primeiro aniversário da guerra entre Rússia e Geórgia. "Nunca imaginei que o alvo seria eu", explica por telefone de Tbilisi. "Os ataques ao meu site eram constantes, mas a sofisticação deste último me convenceu de que foi cometido por uma organização maior, como o governo russo."


Foram exatamente esses ataques que levaram seu nome às manchetes, mas não a primeira vez que sua mensagem foi atacada. Seu blog no Livejournal, um dos sites mais populares da Rússia, já tinha sido atacado. Quando abriu uma conta no Wordpress, a recepção foi semelhante. Os ciberataques foram suficientemente eficazes para obrigar os dois sites a fechar sua conta.

O mecanismo é simples. Os atacantes bombardeiam o site-alvo com mensagens lixo (spam) em nome do usuário vítima, até causar um colapso da página inteira.

Depois de receber vários desses ataques e ser obrigado a migrar de um site para outro, Cyxymu se transformou no primeiro "refugiado digital", segundo descreve Evgeny Morozov, um especialista no uso da web para fins políticos. "Os ciberataques tornaram-se uma ferramenta poderosa para evitar a divulgação de uma mensagem sem causar uma acusação direta de censura", explica. "A rede é teoricamente o lugar idôneo para exercer a liberdade de expressão, mas se alguém é silenciado é muito difícil que seja defendido."

A repercussão do caso de Cyxymu iniciou um debate na rede. "É cada vez mais fácil atacar um blog ou site concretamente e obrigá-lo a mudar de endereço várias vezes", admite Rick Klau, diretor do blogger.com, o site de coordenadas virtuais do Google. "Enquanto as técnicas de censura ficam cada vez mais sofisticadas, é claro que a liberdade de expressão na Internet está em risco", explica. "Os ataques que Cyxymu recebeu refletem que o poder dos hackers é capaz de derrubar sites inteiros para calar um único usuário", acrescenta. "Os governos e as empresas devem começar a perceber as ameaças reais a que milhões de usuários podem ser submetidos."

O avanço dos controles de censura na rede fizeram blogueiros e autoridades brincarem de gato e rato no ciberespaço. A Internet teve um papel preponderante nos protestos gerados depois das eleições presidenciais no Irã em junho, desde a organização dos comícios até a difusão da repressão pelas autoridades. As primeiras imagens da jovem Neda abatida a tiros nas ruas de Teerã durante um dos atos foram divulgadas pela Internet. E foi exatamente nessa ocasião que as liberdades da rede foram expostas. O intercâmbio de ataques entre os dissidentes e os censores iranianos causaram o fechamento de vários sites: desde as redes sociais até as páginas oficiais do regime de Mahmoud Ahmadinejad.

Os participantes dos protestos podiam entrar na Internet através de servidores "proxy": um acesso que muda o identificador IP do computador por um diferente para escapar dos controles. Alguns blogueiros estrangeiros emprestaram seus próprios servidores para ajudar os usuários iranianos.

"Nunca estive no Irã, mas se transformou em um tema muito importante para mim. Queria ajudar", lembra Austin Heap, um técnico em informática americano de 27 anos. Sua participação à distância nos protestos iranianos lhe deixou uma marca. Hoje, três meses depois, criou o programa Haystack, especialmente projetado para escapar dos controles desenvolvidos em Teerã. "Os mecanismos de censura são diferentes em cada país; um programa específico é mais eficaz para ter acesso à rede", comenta Heap.

O Haystack é inspirado no Freegate, um programa que tem a mesma finalidade que o de Heap, que foi desenvolvido para iludir o "Grande Firewall chinês", talvez o censor mais eficaz da Internet. Um usuário iraniano afirma na página oficial do Freegate (www.internetfreedom.org) que o programa "salvou vidas no Irã porque nos deu a única forma possível de nos comunicarmos".

O programa Freegate foi desenvolvido por informáticos chineses para escapar da censura aos sites do movimento neobudista Falun Gong. O software é suficientemente leve para ser enviado como um documento anexo em uma mensagem eletrônica. O Freegate muda o endereço IP do usuário a cada segundo, o que torna praticamente impossível para a censura localizá-lo.

A particularidade do serviço fez que, em um primeiro momento, fosse identificado como um vírus, o que levou a ONG que o desenvolve (o Consórcio pela Liberdade na Internet) a se reunir com os fabricantes de antivírus para evitar que fosse considerado um programa nocivo. Seu sucesso foi tal que, apesar de o serviço ter sido idealizado para usuários chineses, sua popularidade chegou a internautas em Mianmar e no Irã. O programa, antes disponível somente em inglês e mandarim, agora também tem uma versão em farsi, a língua mais falada no Irã.

Mesmo assim, a China, país com maior número de usuários de Internet (cerca de 300 milhões), também conta com um dos mais sofisticados controles de informação na rede. Somente no último ano o governo chinês recrutou 10 mil informáticos para trabalhar como controladores de conteúdo na Internet. A censura é tão eficaz que só no mês de fevereiro passado Pequim tinha conseguido barrar o acesso a cerca de 1.900 sites e 250 blogs.

Os controles também se encarregam de conteúdos mais concretos. Se alguém escrever "Tiananmen" na versão chinesa do site de buscas Google (www.google.cn), aparecerão imagens da praça dignas de um postal e não se encontrará qualquer palavra sobre o protesto em 1989. O resultado é semelhante ao de tentar buscar informação sobre o Dalai Lama ou a organização religiosa Falun Gong. Mesmo que a busca seja feita fora da China.

A recém-lançada máquina de buscas Bing da Microsoft causou polêmica quando aplicou o mesmo critério de censura na versão americana da ferramenta. Foi somente depois da queixa de várias ONGs que eles corrigiram o que chamaram de "um infeliz erro involuntário".

Mas o controle do governo chinês não parou por aí. Pequim exigiu dos fabricantes de computadores que os equipamentos vendidos em seu território tenham o programa Green Dam (represa verde), que, segundo as autoridades chinesas, servirá para proteger o usuário de "conteúdos pornográficos e informação nociva".

A ONG Internet Society afirmou que o programa "facilita a espionagem das atividades cibernéticas" e transforma o governo no principal vigilante das atividades do usuário. A UE disse que o programa foi claramente projetado para restringir a liberdade de expressão e o governo dos EUA advertiu que o software poderia violar as obrigações da China na Organização Mundial do Comércio. O único fabricante que aceitou a iniciativa, a empresa japonesa Sony, anunciou em julho passado que instalaria o programa em todos os computadores vendidos na China, para "cumprir os requisitos do governo".

Apesar de contar com uma das comunidades cibernéticas mais dinâmicas do mundo (existem pelo menos 70 milhões de blogs criados por chineses), o uso da ferramenta para divulgar mensagens críticas ao governo é mais limitado. Só 5% dos cibernautas chineses utilizam software para escapar da censura. "O uso da Internet não aproximou a China da democracia", comenta a pesquisadora Rebeca McKinnon, da Universidade de Hong Kong. "Se o governo permite a existência efêmera de um site dissidente é só para acalmar alguma tensão, sem permitir que ocorra uma mudança real", acrescenta.

Quer tenham partido de hackers anônimos ou de controles governamentais, os ataques demonstraram a fragilidade da Internet. "Ainda não existem mecanismos sólidos para proteger a liberdade de expressão na rede", afirma Morozov. "A experiência de Cyxymu no Twitter e no Facebook lhe deu uma tal notoriedade que sua conta não foi eliminada para evitar o escárnio público, mas muitos outros blogueiros passaram por situações semelhantes sem que acontecesse nada", reflete.

A maioria das redes sociais na Internet, como os sites de blog, Twitter ou Facebook, não se pronunciou claramente sobre a proteção de seus usuários. Sua reação diante desse tipo de ataque foi, na maioria dos casos, pragmática: apagar o perfil "problemático", especialmente porque resolver esses problemas consome recursos demais. "Essa é uma decisão errônea. São exatamente esses usuários os que mais precisam de proteção. Os blogueiros que utilizam a rede para difundir sua mensagem são, em muitas ocasiões, os que vivem em regimes com maior repressão", explica Morozov.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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