A Unesco declarou o tango Patrimônio Cultural "Imaterial" da Humanidade durante reunião nesta quarta-feira do Comitê Intergovernamental do organismo, em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos.
A informação foi confirmada à agência Telam (agência oficial argentina) pelo secretário de Cultura da cidade de Buenos Aires, Hernán Lombardi, que acompanhou, em Abu Dhabi, a decisão do comitê da Unesco.
"Essa é uma homenagem a todos os que sustentaram o tango durante muito tempo. Uma homenagem a aqueles que mantiveram a tradição, transmitindo a poesia e a dança de geração para geração", disse Lombardi.
O diretor de Promoção Cultural de Montevidéu, Eduardo León Duter, disse estar "emocionado" com a decisão.
"Esse anúncio é fruto de um trabalho intenso e é um compromisso de ambos governos para proteger o tango e realizar projetos em comum", disse Duter, em Abu Dhabi.
Buenos Aires e Montevidéu
A candidatura do tango (música e baile) para ser Patrimônio Cultural da Humanidade, foi apresentada, conjuntamente, em novembro de 2008, pelos governos das cidades de Buenos Aires, na Argentina, e Montevidéu, no Uruguai.
Em junho passado, de acordo com a imprensa argentina, numa avaliação da candidatura a Unesco já sinalizava que o tango poderia receber o título como "uma das principais manifestações da identidade dos habitantes do Rio da Prata". O Rio da Prata banha as duas cidades.
O tango é defendido há décadas como bem cultural nas capitais da Argentina e do Uruguai. No passado, habitantes das duas cidades costumavam discutir onde, de fato, esta arte tinha nascido, se em Buenos Aires ou em Montevidéu.
Antes da decisão da Unesco, o governo da cidade de Buenos Aires informou que, se o tango fosse reconhecido, deveriam ser criados uma orquestra oficial do tango do Rio da Prata e um centro de documentação desta arte, entre outras iniciativas para preservá-lo.
Prostíbulos
Segundo historiadores argentinos, o dois por quatro (outra forma de chamar o tango) nasceu nos prostíbulos durante a imigração europeia, no início do século 20.
Desde então, o tango é identificado como cultura das cidades do Rio da Prata. As letras do tango, afirmam os especialistas, sugerem melancolia porque demonstram a solidão dos que saíram de países europeus para uma terra desconhecida.
Nos últimos anos, a musicalidade do tango foi renovada com o nascimento de grupos jovens que adotaram outros instrumentos, além do clássico bandoneón, para tocá-lo. E foram abertas dezenas de "milongas" (lugar para dançar esta música) na capital argentina.
Recentemente, no Campeonato Mundial de Tango realizado em Buenos Aires, um casal de japoneses que aprendeu a dança no Japão venceu a disputa na categoria "dança de salão". No entendimento das autoridades argentinas, foi a confirmação de que o tango já atravessou "há muito tempo" as fronteiras de Buenos Aires e Montevidéu.
Além do tango, outras 76 expressões culturais do mundo inteiro também disputaram o título de Patrimônio Cultural da Humanidade.