O movimento de troca do tradicional telefone fixo para o celular está ganhando força nos lares brasileiros. Das 57,6 milhões de residências do país, 6,6% (3,78 milhões) tinham somente o telefone fixo convencional em 2008, contra uma taxa de 9,3% (5,16 milhões) no ano anterior. Enquanto cai o número de casas que usam somente o telefone fixo, o uso exclusivo de celulares nos domicílios saltou de 31,7% (17,68 milhões) em 2007 para 37,4% (21,67 milhões) no ano passado. Os dados foram revelados pela última edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas, afinal, quando é mais vantagem usar o fixo ou o celular?
No emaranhado de ofertas que deixa qualquer um perdido, a família do administrador de empresas Sérgio Rodrigo Araújo fez algumas experiências. “Contratamos um plano de celular em que toda a família falava de graça entre si. Em termos financeiros, concluímos que não fazia mais sentido ter um fixo. O celular estava tão barato quanto. Cortamos o fixo, mas pouco tempo depois instalamos de volta”, conta. O que seria a maior vantagem do celular, a mobilidade, tornou-se o maior inimigo de seus dois filhos adolescentes. “Eles nunca estavam com o aparelho e, quando estavam, a maior parte das vezes ficavam sem bateria. Tive que voltar para o fixo para conversar com eles em casa”, diz.
É fácil se perder entre as dezenas de planos ofertados pelas operadoras de telefones fixo e celular. Ainda assim, é possível tirar algumas conclusões. Para quem usa o celular para fazer ligações, principalmente para números da mesma operadora, não compensa usar o fixo. Caso o cliente tenha o costume de fazer ligações para celulares de diferentes operadoras, dependendo do plano, pode sair mais caro usar o fixo. Em se tratando de ligações para telefones fixos, dentro da mesma área, compensa mesmo é usar o fixo. Mas toda regra tem exceção.
O diretor da Vivo em Minas Gerais, André Caio, diz que, enquanto o mercado de telefonia fixa “anda de lado”, com cerca de 40 milhões de clientes, a móvel ganhou 14 milhões de usuários somente este ano, chegando a 164 milhões de linhas. Essa escala, segundo ele, permite oferecer vantagens. “No plano controle de R$ 36, o cliente ganha R$ 750 de bônus. Ele fala ao custo de R$ 0,03 o minuto com outro Vivo ou fixo. Acabou essa história de que, para ligar para um fixo, é só de outro fixo”, afirma. Vale destacar, porém, que para falar com outras operadoras, o preço varia entre R$ 0,75 e R$ 1,24.
Segundo o diretor regional da Claro, Ricardo César de Oliveira, para cada minuto gasto na operadora, ganha-se 30 minutos para falar com outro Claro ou fixo – ou seja, R$ 0,04 por minuto. Para outra operadora, contudo, o minuto salta para R$ 1,25. “O valor para falar com fixo é mais barato que a menor tarifa registrada nos planos básicos da telefonia fixa, a exemplo do Oi Fixo Plano Básico, que custa R$ 0,07”, compara. A Oi foi procurada pela reportagem, mas não se pronunciou.
Convergência
De acordo com o gerente de consumo da TIM em Minas Gerais, Jorge Monteiro, no plano Infinity pré-pago da TIM, falar com outro TIM custa R$ 0,25, mas só se paga o primeiro minuto. O preço das demais chamadas é de R$ 1,25. No TIM Fixo, o valor para falar com outro fixo é de R$ 0,12; para um celular TIM é de R$ 0,69; e, para as outras operadoras, R$ 0,99. No Livre, telefone fixo da Embratel, a franquia é convertida em minutos. Falar com outro fixo no pós-pago custa R$ 0,11 e, no plano controle, R$ 0,19. Para celular, o preço sobe para R$ 0,88 e R$ 1,08, respectivamente. “A telefonia, de forma geral, caminha para a convergência. A nossa vantagem é oferecer voz, dados e vídeo por meio da telefonia fixa, o NET Fone, que fala de graça com outro NET Fone, e a TV NET”, destaca o gerente de negócios residenciais da Embratel, Leonardo Gama.
Para o diretor de marketing e produtos da GVT, Ricardo Sanfelice, a telefonia móvel avança onde não há competição da fixa e onde a concessionária local não tem condições de oferecer banda larga com qualidade. “O que acontece no Brasil é o que já aconteceu no exterior. Por isso, acredito que o móvel complementa o fixo e a banda larga que o cliente tem em casa”, afirma. Na GVT, o custo de uma ligação para outro telefone fixo varia entre R$ 0,07 e R$ 0,15 e a banda larga, com até 10 megas, custa R$ 69,90. Para falar com outro celular, o preço do minuto é a partir de R$ 0,60. “O cliente pode escolher três números para pagar R$ 0,99 e falar o quanto quiser no mês”, explica.