O jornal "Folha de S.Paulo" revelou na edição de domingo que investigação da Polícia Federal (PF) apontou suposto tráfico de influência do empresário Fernando Sarney em repartições públicas do setor elétrico com o conhecimento e participação de seu pai, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). A investigação, ainda de acordo com a publicação, reúne interceptações telefônicas feitas mediante autorização judicial.
Em uma gravação mostrada pelo jornal Sarney orienta o filho a arranjar emprego para aliados na cúpula da Eletrobrás, vinculada ao Ministério das Minas e Energia, pasta dirigida pelo ministro Edison Lobão, amigo do senador. Outra interceptação revela Fernando comunicando que após concretizadas as nomeações indicadas pelo pai ele iria "atacar" os apadrinhados para liberar recursos de patrocínio a entidades privadas ligadas à família Sarney.
Há duas semanas, o jornal divulgou que a família Sarney interfere na agenda de Lobão, o que foi negado pelo ministro. A reportagem mostrava que Fernando tem acesso garantido ao gabinete do ministro. Na ocasião da reportagem, Lobão declarou que o filho de Sarney “não marca nem desmarca audiências, pode solicitá-las”.
No dia 14 de fevereiro, Fernando solicitou auxílio do pai para arrumar uma colocação para um amigo dele, o engenheiro Flávio Decat, apanhado várias vezes pela interceptação da PF. "Quero orientação a respeito daquele meu amigo lá do Rio que está aí esperando um chamado seu, da Roseana. E eu preciso de uma orientação", disse Fernando ao presidente do Senado, ainda de acordo com reportagem do jornal. "Manda passar lá no Senado. Às 17h30 no meu gabinete", sugeriu Sarney. Três meses depois Decat estava empregado na Diretoria de Distribuição da estatal, setor criado por Lobão.