O velho chavão: A mulher é o sexo fraco não resiste a um exame sereno, profundo, horizontal e diacrônico, pois, não é bem assim: o que a história nos revela na sua trajetória, em várias circunstâncias, são evas extremamente resistentes e, sobretudo, heroínas. São tantos os exemplos, quer no Brasil, quer no resto do mundo, que nos revelam mulheres fortes, decididas, batalhadoras, persistentes, criativas, nos mais diversos setores das atividades humanas, pois, geralmente – sabem lutar e nunca se deixam abater pelos obstáculos. Não cultivam o desânimo. Vão em frente, lutam até a exaustão! Por exemplo, na história literária do Brasil, quem diria que foi uma mulher a iniciadora do romance literário? Nem todos brasileiros sabem disso. O mais curioso de tudo reside no fato por demais conhecido: quando ela escreveu aquele romance, não só no Brasil, mas também em Portugal, as mulheres ainda não tinham muito ensejo de se dedicar ao exercício da escritura literária, pois elas permaneciam muito mais confinadas no lar, ou seja, eram as autênticas “rainhas do lar”. Sobre este assunto: “monarquia doméstica”, Voltaremos ao assunto em outras crônicas, pois a matéria exige espichadas digressões e análises mais abrangentes.
Afinal, quem foi a autora do nosso 1º romance literário? O primeiro romance brasileiro foi escrito por uma mulher singular. [Teresa] Margarida da Silva Orta. Nasceu no ano de 1711 (São Paulo) e morreu em 1793 (Lisboa), portanto, com 82 anos. Com apenas 5 (cinco) anos de idade, mudou-se com a família para Portugal, não mais voltando ao Brasil. Era irmã do incoerente escritor – do ponto de vista afetivo – o moralista brasileiro Matias Aires (1705-1763). Depois de casada com Pedro Jensen Moler van Praef, foi totalmente deserdada pelo pai. Motivo da deserdação: o seu casamento com aquele estrangeiro. Ao ficar viúva, vai morar com o irmão, de quem educou os filhos, embora este tivesse feito todo empenho para que ela não recebesse coisa alguma de herança. Ela, por sua vez, o acusava de dilapidar os bens da família com sua viagem à França, onde permaneceu durante 5 anos! Era uma pessoa psicológica e espiritualmente superior. Publicou a novela: Máximas de virtude e formosura (1752). Este titulo foi alterado a partir da segunda edição: Aventura de Diófanes (1777), portanto, o nosso primeiro romance.
Eis um bom exemplo de mulher que enfrentou o que deu e veio!