No ranking do IBGE, Região Metropolitana também é a mais digital do país.
Novo Hamburgo - A correria da vida moderna cria a sensação de que a cada dia o tempo passa mais depressa. Vinte e quatro horas já não parece ser tempo suficiente para trabalhar, conviver com a família, ver os amigos e ainda planejar o dia de amanhã. Para driblar essa rotina maluca e vencer as distâncias geográficas, a saída encontrada é apelar para a tecnologia.
Celular, computador... É praticamente impossível imaginar a vida sem o uso de pelos menos um desses equipamentos. E pelo que mostrou uma pesquisa divulgada na manhã de ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os gaúchos adoram falar ao celular e passar horas em frente ao computador. Entre 2005 e 2008, o número de pessoas que utilizam a Internet, aqui no Estado, aumentou 58,7%. Já em relação ao uso do telefone móvel, o Rio Grande do Sul é o segundo do Brasil que mais tem aparelhos. E das regiões metropolitana pesquisadas pelo IBGE, a de Porto Alegre lidera em todo o País, com 75,6% das pessoas possuindo aparelho. Os dados integram o Suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2008.
No Estado, o aumento de usuários da web ficou por conta dos estudantes. Em 2005, 45,6% desse grupo utilizava essa ferramenta de comunicação, número que saltou para 20,6% no ano passado. Em relação ao uso do celular, embora cada vez mais a gurizada esteja utilizando este equipamento, foram os trabalhadores que mais adquiriram o aparelho, 75,6% em 2008 contra 61,5% em 2005.
País - Já no Brasil, o acesso à rede mundial de computadores cresceu 75,3% nos últimos três anos, o que representa cerca de 56 milhões de pessoas com dez anos de idade ou mais. Já no ramo da telefonia, o estudo indica que a proporção dos que tinham telefone celular para uso pessoal passou de 36,6% para 53,8% da população de dez anos ou mais de idade. A novidade é que, para 44,7% dessas pessoas, o celular era o único telefone para uso pessoal.
Os extremos hamburguenses
Novo Hamburgo é uma cidade dividida em dois extremos. Enquanto parte da população apresenta índices de acesso à Internet superiores à média brasileira, outra camada da população nunca teve contato com essa tecnologia. Para diminuir essa diferença, foram criados no Município três Telecentos Comunitários. Conforme o coordenador, Charles Höher, na unidade instalada na Agência Municipal de Emprego, diariamente 400 pessoas procuram o serviço. Foi graças a essa iniciativa que Pablo Gabriel dos Santos Pires, 12 anos, conheceu a Internet. Faz dois meses que ele gasta uma hora do seu dia no telecentro da Ação Encontro, na Vila Palmeira, bairro Santo Afonso. "Se não tivesse esse lugar eu não ia mexer no computador", comenta. Conforme um levantamento realizado pelo programa Regina Comunidade, nesta região da cidade existem apenas 11 computadores pessoais. Isso significa que apenas 1% da comunidade da Vila Palmeira tem acesso a esse tipo de tecnologia.
Do tijolão ao touchscreen
Lembra do celular tijolão? Quando o telefone móvel foi lançado, no início da década de 1980, o aparelho era enorme (comparado aos modelos de hoje), pesava quase meio quilo e para conseguir uma linha o cliente precisava aguardar muito tempo na fila, além de desembolsar um bom dinheiro. O cenário para conectar à Internet não era muito diferente, no entanto, a mola mestra da vez era a paciência. A tecnologia de banda larga ou sinal de rádio era para poucos e o jeito era a conexão via telefone fixo. Era preciso, às vezes, ficar por horas esperando um arquivo baixar. Mas não existia nada pior do que a linha cair. Aos fins de semana, tinha gente que conectava o computador no meio da tarde para garantir o acesso às páginas de bate-papo durante a noite.
Criação de espaços públicos é determinante
Uma novidade que a pesquisa apontou foi o local de acesso à Internet. Embora o próprio domicílio lidere a preferência dos brasileiros, as lan houses, hoje, ocupam o segundo lugar. A explicação para isso está em dois pontos principais: o preço popular de uma hora paga de Internet e a criação de diversos espaços públicos de inclusão digital. Para o professor do Curso de Redes da Instituição Evangélica de Novo Hamburgo, Elder de Macedo Rodrigues, o Brasil deu um grande salto de tecnologia nos últimos anos. "Ao olhar as pesquisas, vê-se que o número de acessos cresceu principalmente entre a camada de baixa renda", salienta.
Rodrigues aposta que tanto o celular, como a Internet, serão utilizados com mais força para a difusão de conhecimentos. "A tendência é a convergência digital", diz. Dessa forma, cada vez mais uma única infraestrutura de tecnologia será utilizada para oferecer diversos serviços e, o maior exemplo, é o próprio celular, que já oferece pendrive, Internet, rádio e tevê.
Foto: Débora Ertel/GES-Especial