O governo dos Estados Unidos voltou a afirmar nesta sexta-feira que o menino Sean Goldman, 9, é mantido ilegalmente no Brasil há cinco anos. Filho do americano David Goldman com a brasileira Bruna Bianchi, morta em 2008, a criança vive no Rio desde 2004 --para onde foi trazida pela mãe--, e é pivô de uma disputa diplomática entre os países.
No Rio, a porta-voz da Embaixada americana, Orna Blum, disse que os Estados Unidos consideram que o menino foi sequestrado. "A posição oficial do governo americano e brasileiro é que o Sean foi sequestrado há cinco anos. É importante que nossos governos possam trabalhar juntos nesse momento", afirmou.
A declaração foi feita um dia após o STF (Supremo Tribunal Federal) conceder uma liminar (decisão provisória) mantendo a criança com a família brasileira, mesmo depois da determinação contrária da Justiça Federal no Rio.
Ontem, o governo americano já havia divulgado uma nota em que dizia estar "decepcionado" com a decisão do Supremo.
Citando a Convenção de Haia --acordo internacional relativo à proteção de crianças e à cooperação sobre adoção-- a Embaixada americana no Brasil lembrou, em nota, que um dos preceitos do acordo é "o retorno imediato das crianças sequestradas, ou retidas ilegalmente, aos respectivos locais de residência habitual para minimizar o custo humano e social do sequestro internacional de crianças".
"Este custo inclui o risco de sérios problemas emocionais e psicológicos para as crianças, assim como de pressões emocionais e financeiras para o pai ou a mãe que é deixado para trás", completou.
A declaração da porta-voz foi rebatida pelo advogado Sérgio Tostes, que representa a família brasileira da criança. "Se ela [Orna Blum] está dizendo isso, ela não quer negociação. Ela quer confronto", disse. "Estou pronto para negociar com todo mundo, mas o Brasil é um país soberano", concluiu.