Uma nova técnica, desenvolvida por cientistas e cirurgiões do instituto inglês North East England Stem Cell Institute (Nesci), utiliza células-tronco na recuperação da visão de pacientes com a córnea danificada. O tratamento já foi colocado em prática com oito pessoas até o momento - aqueles com danos menos graves tiveram a visão quase completamente recuperada.
Um exemplo é Russell Turnbull, de 38 anos, que deixou de enxergar com o olho direito há 15 anos. Ao tentar apaziguar uma briga dentro de um ônibus noturno em Newcastle, a caminho de casa, foi surpreendido com um ataque químico. Um spray de amônia queimou sua córnea e destruiu as células-tronco que mantinham a saúde do olho.
A partir de então, sua visão ficou permanentemente borrada. O acidente causou ainda uma dor que voltava a cada vez que piscava. "Estava no hospital por duas semanas e eventualmente era capaz de abrir o olho. Era como se eu estivesse o tempo todo olhando através de um acrílico arranhado", disse Turnbull ao The Guardian.
Graças à nova técnica, os médicos conseguiram recriar a membrana exterior da sua córnea, a partir de células-tronco tiradas de seu olho saudável. A operação envolveu a retirada de uma pequena parte do olho esquerdo e o desenvolvimento em laboratório de uma membrana 400 vezes maior - que substituiu a região danificada do olho direito. Meses depois, a córnea já estava reparada, com uma nova camada de células-tronco.
De acordo com o médico Francisco Figueiredo, do Nesci, problemas semelhantes ao de Turnbull causam cegueira parcial em 8 milhões de pessoas a cada ano. "A opção do tratamento com células-tronco vai aliviar o sofrimento do paciente e eliminar a necessidade do uso de medicamentos a longo prazo. Além disso, permite que ele recupere sua independência", completa.
Sajjad Ahmad, membro do time de médicos responsável pelos experimentos, afirmou que mais 24 pacientes vão ser tratados antes de os resultados serem submetidos ao Britain's National Institute for Health and Clinical Excellence (Nice), que vai aprovar o procedimento. Se aprovada, a técnica já poderá ser utilizada pelo National Health Service (NHS) no ano que vem.