A nomenclatura dos meses do nosso calendário dá-nos a oportunidade para muitas reflexões sobre a contribuição de várias fontes referentes à configuração da nossa cultura, a partir do batismo do tempo, sob a forma do atual calendário. Nela estão embutidas algumas referências mitológicas (Março, Junho, etc), outras históricas (Julho, Agosto), ou simples convenções ordinais (Outubro, Novembro, Dezembro). Mês festivo – convite ao permanente exercício do otimismo – poucos podem competir com o recém-nascido: Janeiro! São seus concorrentes apenas os meses de Julho e Dezembro. Nele, tudo é festa, júbilo, entusiasmo, descontração, cujo esclarecimento não é muito difícil de ser encontrado, bastando relembrar que ele é a porta do ano: O próprio nome o indica, porque seu étimo é janua (porta, em latim. Daí janela = portinha ou porta pequena). Ele nos abre as portas do Ano Novo, fase tão cheia de esperança e alegria.
Vindo imediatamente depois do Ano Velho, que nos brindou, também, um lindo ciclo de festejos natalinos, destaca-se, dentre outros, o da passagem do ano, com seu famoso reveillon que, em francês significa: Despertemos! Acordemos! Abramos os olhos para a vida! Pena que este despertar tenda geralmente muito mais para o corpo do que para o espírito, embora esta constatação pessimista talvez ainda não tenha atingido todas as camadas de nossa sociedade.
Para destacar a gostosura cultural do mês de Janeiro, bastaria lembrar as poéticas janeiras, hoje um pouco fora de uso. Pois bem, justamente neste mês, também se desenrolam – e talvez com muito mais vigor – as festas em torno dos santos reis. Refiro-me aos tradicionais Reis magos: Belchior, Baltasar e Gaspar. Aliás, a Bíblia refere-se apenas aos magos, sem mencionar os nomes e o números deles. Se assim são chamados, isto se deve, exclusivamente, à tradição. E mais: esta tradição, criativa e bastante fantasiosa, mais tarde, quis juntar aos mencionados reis magos outro de nome Caribe, que seria, portanto, o 4º rei mago. Mas não houve aceitação coletiva. Este acréscimo terminou caindo no esquecimento. E pasmem os senhores: últimamente, querem acrescentar outro, chamado Achin, que seria, por conseguinte, o 5 rei mago! Com a palavra os exegetas biblicos e os historiadores das religiões!
Para concluir, devemos reafirmar que o mês de janeiro é aquele que nos oferece todos os meios para testarmos a nossa capacidade de sonhar de olhos abertos, apesar de tudo!
Viva o mês de janeiro e a oportunidade que ele nos oferece de provar que estamos ainda vivos! Viva a vida, viva o vinho, viva o vôo da imaginação! Viva a língua portuguesa e os seus recursos plásticos – de janeiro a dezembro – de todos os anos! Viva o amém!
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