Apesar do número crescente de canais colaborativos na internet, como Wikipédia e Digg, algumas das principais empresas da área de TI (Tecnologia da Informação) que atuam no Brasil ainda ignoram as plataformas baseadas na web 2.0.
Durante o Reseller Forum, encontro de tecnologia que terminou ontem (20) na Ilha de Comandatuba (BA), a colaboração por meio deste tipo de ferramenta foi discutida e incentivada por empresas que, na prática, ainda não embarcaram na tendência
"Muitas [companhias] ainda desconhecem as ferramentas de colaboração", disse Pedro Luiz Roccato, consultor especializado em canais de venda e distribuição em tecnologia da informação. " As corporações são receosas com relação aos canais de web 2.0, além de não os conhecerem muito a fundo a ponto de acharem complexos e caros", afirmou Luis Augusto Lobão Mendes, professor de estratégia e desenvolvimento organizacional da Fundação Dom Cabral.
Mendes apresentou dados sobre o crescimento da blogosfera no mundo e defendeu sua utilização em sites corporativos. "No mundo todo, segundo estudo do site americano "State of Blogosphere" de 2007, são criados mais de 80 milhões de blogs por ano e 15 novos posts a cada segundo", disse.
Uma das empresas presentes ao encontro, a fabricante de monitores AOC não disponibiliza qualquer tipo de canal com seus clientes finais aqui no Brasil sob a justificativa de que, para gerenciá-los, é necessária a contratação de uma equipe especializada.
"É muito caro manter um serviço desses. É necessário contratar uma equipe, criar uma estrutura, e isso significa custo. Nos relacionamos com nosso clientes finais apenas por meio do SAC, por telefone", explica o gerente de marketing Christian Haak.
Outra multinacional que segue essa linha é a Samsung, que também patrocina o evento e não possui canais colaborativos no país. "Não temos nenhum canal com cliente final porque é necessário criar um departamento para sua monitoração, é muito caro", diz Antonio Frias, gerente nacional de vendas da empresa coreana.
"Disponibilizamos esse serviço apenas para revendedores de nossos produtos. Em outras filiais no mundo devem existir essas iniciativas", completa Pedro Kiipper, também gerente da Samsung.
Benefícios
São recorrentes em outros países os casos de empresas que solucionaram necessidades por meio da colaboração. Para Sylvia Facciolla, consultora de negócios em TI, "os canais interativos trazem às empresas visões de produtos e serviços que apenas o consumidor final possui, e que sempre geram resultados positivos principalmente no desenvolvimento de novos equipamentos".
Um exemplo de quem se deu bem com esse tipo de projeto é o sociale.com.br, considerado uma das primeiras ferramentas colaborativas voltada para propaganda. Por meio do site, qualquer companhia interessada em serviços publicitários pode solicitá-los e ainda escolher o preço a ser pago, uma vez que os colaboradores cadastrados no site criam esses projetos e publicam na página da empresa.
"Empresas que possuem esse tipo de serviço na rede conseguem abstrair dos canais soluções para as suas necessidades e, conseqüentemente, para seus clientes, que passam a comprar produtos moldados aos seus perfis. É a fórmula ideal para quem procura melhorar seus projetos e valorizar a marca da companhia", afirma Mendes.
O jornalista Bruno de Oliveira viajou a convite do evento
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