Infelizmente hoje grassa em nosso país a mais completa inversão de valores. Quem é do bem é perseguido; quem é bandido é promovido e endeusado - caso dos parlamentares ficha-suja que estão tomando posse, amparados em decisão da Suprema Corte – aquela que deveria zelar pela Moralidade, princípio constitucional. No Brasil dos três poderes, quem legisla é o Poder Executivo. O Congresso Nacional – pago regiamente para legislar – é uma instituição desmoralizada. Ali, tudo o que vemos é gente a fim de se dar bem, auferindo salários e vantagens de fazer corar a rainha da Inglaterra. Enquanto isso, o povo continua rodando em estradas esburacadas e inseguras, amassados em coletivos superlotados nas grandes cidades, os aeroportos já não dão conta do volume de passageiros, os portos, assoreados e ineficazes emperram nossas exportações, a saúde segue na UTI, a bandidagem continua imperando e aterrorizando, e por aí vai. Nada que tenha o dedo do Estado funciona a contento. E dá-lhe imposto, claro ! Nossa carga tributária é uma das mais escorchantes do mundo.
Um verdadeiro “roubo em escala”. Hoje, diferentemente dos tempos da Revolução Industrial do Sec. XIX, quem rouba as pessoas não é mais o terrível “capitalista” tão amaldiçoado pelas esquerdas marxistas. Quem rouba é o governo, o Estado, com seus impostos indecorosos e mal aplicados, que fazem, entre outras coisas, a gasolina brasileira, extraída de nossa plataforma continental, ser mais cara que a vendida no Japão, país onde o custo de vida é caríssimo se comparado ao nosso, e que – diga-se de passagem – não produz uma única gota de óleo.
Tenho uma visão bem diferente da média das opiniões que vi até agora sobre o drama carioca, e já explico por quê. Por ora, diferentemente das vozes correntes, já afirmo que não houve surto algum do Wellington Menezes de Oliveira, como estão a dizer. ‘Surto’ (psicótico) é algo que dá de “chofre”; dá assim de uma hora para outra. Dizem: “fulano surtou” no sentido de que, vinha vindo dentro dos chamados padrões da ‘normalidade’ e, de repente, teve seu “dia de fúria”, virando uma besta-fera meio que sem explicação plausível para os demais. Não foi o caso do Wellington Menezes de Oliveira. O matador de crianças planejou suas ações por semanas – quiçá meses, cuidadosamente ! Antes de sair para a execução do plano, queimou provas – tudo muito bem pensado. Evidentemente, isso não configura “surto” em hipótese alguma. Quem surta age meio que sem pensar... Quem age como o Wellington o faz de forma fria e calculista. Há, ainda, quem veja na ação do rapaz uma motivação religiosa ou política. Discordo. Tampouco me parece que a ação do matador tenha a ver com “fundamentalismos”, sejam políticos, sejam religiosos. Os ditos fundamentalistas são pessoas fanatizadas por uma determinada idéia – política, filosófica ou religiosa – , todavia não se pode dizer que, por conta desse fanatismo, também sofram de alguma patologia mental, e esse, justamente, é o ponto nevrálgico dessa questão. Osama Bin Ladden e seus sequazes são uma coisa; o finado Wellington, outra.
Vi, também, nessa linha de “caça às bruxas”, autoridades tocando mais uma vez o bumbo do "desarmamento da população". Coisa de comunista... Está lá no famoso "decálogo leninista" para quem quiser ver: Lênin pregava o desarmamento da população, como etapa para o estabelecimento de sua ditadura de partido único. Ora, o que tem a ver Zé Germano com gênero humano ? Observe-se o seguinte: o bandido - o bandidão (e esse nem era o caso do Wellington) ! - está, veramente, se lixando para o tal desarmamento, porque existe um próspero mercado negro de armas (como de outros produtos, como drogas, etc.) disposto a abastecer quem as quiser comprar, e o marginal “profissa”, aquele que vive das atividades clandestinas, ilegais, se abastece nele com a mais absoluta tranquilidade. Não é segredo que muitos compram da própria polícia as armas que utilizam para o crime, já com a numeração devidamente raspada para facilitar a vida e garantir a morte de forma anônima. Mercado para isso existe e é grande. É só pagar o preço cobrado e sair para o abraço.
O povo, ordeiro, não faz isso. Não vai ao submundo comprar arma nem munição porque suas atividades não são delituosas; vive o seu cotidiano de gente ordeira e de bem. Quem faz isso é bandido ou assemelhado. E fazem na rotina, ‘na paz’, quase sem serem importunados pelas “otoridades”, em geral incompetentes – como de resto, é um fracasso tudo que diz respeito ao mastodôntico, dispendioso e inoperante Estado nacional.
Não faz muito, o Sergio Cabral e o Lulla – dois legítimos representantes da prodigiosa Incompetência tupiniquim – foram flagrados, por câmera oculta, numa visita a uma comunidade pobre do Rio, quando o rapazinho Leandro interpelou "na moral" o presidente, reclamando da falta de acesso aos meios de lazer no espaço da escola, etc. O Sergio Cabral, constrangido, excedeu-se em ironias debochando acintosamente a fim de desqualificar a voz do garoto e o Lulla, por seu turno, após dizer que “tênis é esporte de burguês” (!) chegou a dar uma de suas proverbiais escorregadas, ao alertar ( tudo gravado - acesse o link http://www.youtube.com/watch?v=VnRAIKplkoc ) que a mídia não podia ficar sabendo o que estava rolando na comunidade por causa do impacto político da coisa.
Desviam as autoridades, agora, no calor dos acontecimentos dessa tragédia urbana, o olhar da sociedade para o "problema das armas", como se um revólver ou fuzil, sozinho, tivesse a capacidade de matar ou ferir alguém. Não, quem mata não são as armas, são as pessoas ! Nos EUA, por exemplo, há muito menos homicídios por 100 mil habitantes que no Brasil, e, lá, o comércio de armas é absolutamente livre, garantido pela Constituição. Como explicar que num país onde a venda de armas é livre haja muito menos homicídios por arma de fogo que noutro, onde a venda é rigorosamente proibida ?
No caso da chacina carioca, é evidente que o tal Wellington Menezes de Oliveira era um psicótico de carteirinha, e digo mais, com toda certeza esquizofrênico, o que é muito fácil de se constatar pelo teor da ‘carta-testamento’ que deixou que é típica de esquizofrênicos. Não há margem alguma para outro diagnóstico post-mortem. A esquizofrenia é uma patologia dificílima de se tratar e tem caráter hereditário. Sabe-se, agora, que a mãe do dito Wellington era portadora de esquizofrenia. Some-se dois com dois e lhes digo... dá quatro !
Então, meus bons amigos, estamos, aqui, a falar de um indivíduo que era portador de gravíssima patologia mental, dessas que conduz a pessoa a pensamentos delirantes, absolutamente dissociados da realidade. A visão de mundo do esquizofrênico é absolutamente distorcida, fantasiosa, delirante, e isso não tem nada que ver com “fundamentalismos” ou questões “ideológicas”, como especulam alguns, essas sim, que dizem respeito aos ditos “normais” – embora haja quem assevere que, de perto, ninguém é normal...
Não foram, repito, as "armas" que mataram aquelas crianças; as armas são neutras; mataram os pobres guris e sobretudo gurias os delírios de um psicótico que não sofreu avaliação médica ao tempo em que era estudante na escola que agora invadiu para barbarizar, essa é que é a verdade. O Estado do Rio falhou claramente em detectar precocemente sua doença ao tempo em que ainda era aluno daquela mesma escola, porque essa patologia se manifesta aí por volta dos 14 - 15 anos, e as escolas em nosso país, malgrado os caminhões de impostos que nos são subtraídos para sustentar nosso voraz Leviatã, são tão desaparelhadas que mal conseguem cumprir sua missão de ensinar minimamente nossas crianças, quanto mais avaliar o perfil eventualmente psicótico do alunado. Talvez no primeiro mundo, onde cobram impostos menores que os daqui isso seria possível. Quem sabe ?
As armas que o matador possuía e que usou para assassinar e ferir (física e psicologicamente) as pobres crianças, ele as obteve por aí, no mercado negro, assim como os apetrechos para municiar os revólveres que empunhava. No Rio compra-se e vende-se de tudo em matéria de armas, literalmente, assim como em qualquer lugar do Brasil os mercados clandestinos proliferam bem nas barbas das autoridades. Ninguém precisa ir em loja “de armas” (que aliás já nem existe) ou mesmo ter porte para “comprar arma”. No Brasil esse mercado é próspero e passa por canais subterrâneos, informais - tanto quanto o mercado da droga - e a bandidagem se municia com metralhadoras e fuzis russos, americanos e israelenses, assim como armas privativas das forças armadas (como granadas e bazucas, por ex.) com a mesma naturalidade com que eu vou comprar pão francês na padaria. Não faz muito, derrubaram um helicóptero da polícia carioca, fato que foi filmado e noticiado no mundo inteiro. Para quem negocia, sem ser incomodado, armas pesadas anti-helicóptero, vender revólver “três-oitão” é (pode-se dizer) uma espécie de ‘tira-gosto’; uma brincadeirinha de criança.
O Estado nacional (falido) tem, nesse caso, boa parcela de culpa pelo que aconteceu, porque as escolas públicas não têm vigilância alguma na portaria e qualquer Zé-Roela pode entrar a hora que bem entender, carregando o que bem quiser - no caso, armas letais - que, para eles, os nossos administradores públicos, detector de metal ou qualquer outro aparelho para identificar alguém tentando entrar armado no recinto de uma escola é algo próximo da ficção científica... Não lhes passa pela mente que algum maluco possa tentar entrar numa escola para fazer mal a alguém. Vivem em outro mundo – os malucos e os administradores públicos ! Quanto ao corpo discente, sabe-se que muito estudante também anda armado e assim adentra a sala de aula, mas o Estado o que faz a respeito ? Por que a omissão das autoridades é tão acintosa em relação à segurança das pessoas ? Por que o Estado é tão omisso ? E ninguém quer pôr o seu na reta e admitir que falhou, a começar pelo governador Cabral.
Se houvesse algum controle nas entradas dos estabelecimentos de ensino, essa tragédia poderia ter sido evitada. Poderiam ter detectado as armas logo na entrada e dado voz de prisão ao psicopata antes dele cumprir seu macabro desiderato. Essa detecção poderia ocorrer com o uso de um aparelho fixo ou móvel - desses que existem em estádios de futebol ou aeroportos. O fato é que deixaram um esquizofrênico juramentado, armado e perigoso adentrar uniformizado a escola para, ali, descarregar suas armas em crianças indefesas. E o que diz o governador ? Ele prefere enaltecer o “heroísmo” do PM que baleou o agressor na perna, evitando que prosseguisse. Parabéns para o policial e vaias para o governador é o que digo ! O primeiro cumpriu sua missão. E o segundo ?? Uma vergonha. Deveria ter tido a humildade de fazer seu mea-culpa por seu governo permitir que qualquer um pudesse entrar nas escolas públicas sem qualquer identificação e carregando o que bem entender, inclusive armas para matar crianças.
Depois de arrombada, trancas nas portas ! Será ? Duvido. Pode acreditar que vai tudo continuar como dantes, no quartel de Abrantes. Vão fazer as contas e considerar "cara" a criação de medidas de segurança com um mínimo de rigor. Disse “mínimo” porque, hoje, não há rigor algum ! E, depois, as pessoas vão esquecer. Menos, é claro, os pais das vítimas. Lastimável. Por ora, é chorar o leite derramado. Mas, chorar a morte dos outros é fácil. Dia seguinte já está todo mundo de bem com a vida... pronto para continuar rapinando o erário, que é municiado com os recursos advindos dos bolsos do contribuinte – o otário que sustenta esse mastodonte chamado Estado nacional.
É revoltante ! Brasil tem jeito não.
COMENTÁRIOS:
À Radio Melodia - Canal do ouvinte
Parabens ao sr. Silvio Natal, pelo excelente artigo abordando principalmente a chacina do Rio e suas implicações diante da omissão do Estado brasileiro. Quanto as ponderações do signatário com referencia a personalidade do monstro do Realengo,
concordo plenamente com suas conclusões, pois inumeros psicologos de plantão, não conseguiram ainda classificar a patolo-
gia dessa aberração da espécie humana.
Gostaria apenas de acrescentar que o governo já encontrou um bode expiatório, para levar adiante seu famigerado projeto de desarmar a população, como se isso fosse a causa da tragedia do Rio. Quanto as armas de grosso calibre que estão entrando
ilegalmente ( ou legalmente? ) no país, em poder do mundo do crime, nada dizem ou tomam providencias a respeito. Esta é infelizmente a realidade que estamos vivenciando, já há algum tempo, pois pior do que está, ainda pode ficar, parodi-
ando o ex-palhaço tiririca.
Nivio B. Ribera - Santos SP
Assinante da radio melodia