Durante 18 dias o mundo inteiro olhou para o Egito e acompanhou o que, provavelmente, ficará marcado como uma das maiores manifestações populares dos últimos tempos. O centro das manifestações foi a Praça Tahrir. Foi nesta praça o palco dos protestos, lutas, resistência, mortes e feridos e que, levou a renuncia de Hosni Mubarak, ditador que comandou o Egito por quase três décadas.
Certamente, vitória do povo egípcio, um passo importante para a liberdade e para democracia, porém, o caminho ainda é longo. Após a queda do ex-ditador, o Conselho Supremo das Forças Armadas, assumiu o poder e anunciou que suspenderá a Constituição, dissolverá o Parlamento e formará uma comissão para redigir uma nova Carta Magna para o país. Os militares também informaram que governarão o país por seis meses ou até a realização de eleições.
O diferencial desse movimento que levou a queda de mais um ditador, criticado por apoiar os Estados Unidos, Israel e, principalmente, governar mais como um severo militar, do que como um político – foi às redes sociais. Tentando impedir as ações coordenadas pela web, o governo egípcio chegou inclusive a bloquear o sinal de internet e, logo depois, de telefonia móvel. O efeito acabou se mostrando um tiro no pé, já que não freou os protestos e ainda fez com que pessoas no mundo inteiro se mostrassem solidárias à causa egípcia.
Até o Google participou diretamente dessa história. Percebendo a impossibilidade de comunicação no Egito, a empresa disponibilizou um serviço que permitia que os twitters fossem feitos por telefone fixo. Bastava ligar para um número e deixar um recado, que virava twitter. Uma empresa francesa também ajudou o fail da ação do governo, garantindo internet via conexão discada ao povo.
A juventude egípcia conectada fez toda a diferença, através das redes sociais: twitter, facebook, Orkut, blog, etc., lutaram pela liberdade, dando um exemplo de cidadania. A internet, mais uma vez, revelou seu poder, foi um instrumento importante pelo sucesso do movimento. Ai está à prova de como as novas tecnologias se tornaram armas poderosas na luta contra a tirania e de novas revoluções sociais.
A internet na sua essência é interativa, e é exatamente isso que a diferencia de outros meios de comunicação de massa. O rádio e a televisão, por exemplo, a comunicação é feita de cima para baixo, transforma a todos igualmente em ouvintes para integrá-los autoritariamente aos programas.
Na rede, o individuo comum não é apenas um mero receptor – como no rádio e na TV – mas é um emissor e agente efetivo no processo comunicativo. Os blogs, por exemplo, proporcionam o debate entre autor e leitor, favorecendo uma maior paridade comunicativa entre o emissor e receptor. Assim, poderíamos afirmar que a Internet não tem, pelo menos por enquanto, uma característica tão monopolista quanto os meios de comunicação tradicionais, pois além de possibilitar a expressão da individualidade pode unir forças na conquista de ideais. Neste caso, a interatividade da Internet revela, entretanto, um novo paradigma – uma ferramenta de emancipação. No entanto, conhecemos a característica dualista da Internet. Quando mal utilizada é uma ferramenta de alienação.