Os sites de dieta, aplicativos para celular e redes sociais estão transformando a vida de quem faz regime – em vez de um esforço isolado, emagrecer virou uma atividade de grupo, com resultados melhores
para emagrecer usando a internet, a professora mineira Edna Batista, de 42 anos, ataca em várias frentes do mundo digital. Há um ano e meio, tornou-se usuária de um site de emagrecimento que ajuda a controlar o peso. Por meio dele, Edna calcula as calorias dos alimentos que pre-tende comer, tira dúvidas com nutricionistas e é acompanhada – e incentivada – por centenas de outras pessoas que, como ela, tentam afinar a silhueta. Ainda com a ajuda da internet, passou a manter um diário virtual de sua dieta. Ela digita tudo o que come, e o site, por meio de uma ferramenta de contagem, transforma dados calóricos em pontos. Sem ultrapassar os limites impostos pelo programa, ela manipula as combinações de alimentos leves com calóricos e, assim, não precisa excluir de sua vida sobremesas ou cervejinhas. Quando está insegura sobre os resultados ou deseja compartilhar seu sucesso na balança, entra na comunidade virtual do site de emagrecimento, o Dieta e Saúde, e divide suas dúvidas com outros participantes. O site, cujo programa de regimes on-line custa R$ 89 por trimestre, está no ar há sete anos e já atraiu 150 mil usuários. “Os participantes da comunidade virtual mandam tantas sugestões legais de pratos que consigo economizar calorias durante o dia para comer uma pizza à noite, com os amigos, sem sair da dieta”, diz Edna.
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Tanta atividade na seara virtual vem dando resultado no mundo real. Edna pesava 105 quilos quando começou o programa e ho-je está com 20 quilos a menos. Ainda pretende emagrecer outros 10 quilos. Obesa desde a infância, com pais e irmãos igualmente acima do peso, Edna já tentara emagrecer com inibidores de apetite receitados por médicos. Valeu-se também de dietas radicais, como a da sopa e a da proteína, que seguiu por contra própria. Não deu certo. O sacrifício funcionava por um tempo, mas o peso perdido voltava como uma vingança, tão rápido quanto sumira. No auge da obesidade, há pouco mais de um ano, Edna passou dos 100 quilos, com apenas 1,63 metro de altura. “Eu me vi numa foto de casamento e fiquei chocada com o meu tamanho”, afirma. Os conselhos on-line dos nutricionistas, o aplicativo que calcula as calorias e as dicas dos demais internautas foram, em seu caso, eficazes para mudar esse quadro (leia as colunas de Walcyr Carrasco, e Marcio Atalla).
Os programas virtuais de emagrecimento reúnem cerca de 1,5 milhão de brasileiros, de acordo com a contabilidade dos dez maiores sites desse tipo no país. Nos Estados Unidos, onde a onda começou há dez anos, 5 milhões de pessoas já usaram a rede para perder peso. De acordo com uma pesquisa encomendada por ÉPOCA, a dieta virtual se tornou uma espécie de último recurso a que recorre um número cada vez maior de pessoas que, como Edna, não conseguiram perder peso de outra forma. A pesquisa, com 1.113 usuários, mostra que a maior parte dos participantes (85,8%) já experimentou regimes convencionais, mas elegeu a internet por considerá-la a ferramenta mais eficaz e barata do mercado. Quase 20% disseram que, ao fazer dietas com nutricionistas, sentiam dificuldade para esclarecer dúvidas sobre o que podiam ou não comer no dia a dia. Para 65% dos participantes, uma das grandes vantagens do regime on-line é a possibilidade de acompanhar o desempenho dos colegas – e ser acompanhado por eles. O público desse tipo de serviço é majoritariamente feminino (91,8%) e jovem: a maioria (63,1%) tem idade entre 26 e 45 anos. Entre os próprios usuários, levam vantagem os mais conectados. Aqueles que controlam diariamente a alimentação, digitando no diário virtual as calorias ingeridas, emagrecem até sete vezes mais que usuários que só fazem esse controle uma vez por semana – e perdem 1,2 quilo a mais do que quem não tem o costume de subir na balança e fazer planilhas semanais com a evolução de seu peso.