Não é mais possível pensar no dia-a-dia sem mobilidade, seja pelo celular, smartphone, laptop. Mas como a mobilidade pode melhorar a produtividade nos negócios? Para Vinicius Caetano, analista sênior de Telecom da consultoria IDC, as leis clássicas sobre estratégia - foco em inovação, custos e cliente - não são mais suficientes e é preciso garantir a eficiência nos negócios, oferecendo o melhor pelo menor preço.
Segundo um levantamento do Ipeadata, desde a abertura do mercado brasileiro as empresas têm sido mais eficientes, com 70% de crescimento da produtividade média real entre 1991 e 2006. "Os custos, como preços dos insumos e valor dos salários, estão sempre subindo e não podem ser jogados na cadeia final de produção, por conta da competitividade. E a expectativa dos acionistas sempre passa pela lucratividade. O aumento da produtividade é a melhor forma de lidar com custos, competição e acionistas", diz o analista.
Segundo Caetano, ter comunicações unificadas, integradas aos sistemas de negócio, é o grande ideal. "Este é um verdadeiro diferencial competitivo, com aplicações personalizadas e integração total com o core business da empresa. Voz já deixou de ser um diferencial, os negócios agora demandam aplicações de dados móveis, como wireless e-mail, ERP, CRM."
Paulo Breviglieri, diretor sênior de Desenvolvimento de Negócios da Qualcomm, empresa desenvolvedora de chips para celulares e outros dispositivos móveis, ressalta que o acesso móvel chega atualmente a 3,4 bilhões de pessoas, enquanto PCs e notebooks chegam a 1 bilhão, assim como a televisão. "Os dispositivos móveis são de longe os que têm maior escala, e somente com um índice desse porte pode-se chegar à redução de custo e maior variedade de aparelhos. Esse mercado não pára de crescer e, para o próximo ano, a nossa estimativa de entrega é de 475 milhões de chips", diz Breviglieri.
TRÁFEGO DE DADOS Segundo Breviglieri, a maior aposta é no ecossistema 3G, com dispositivos móveis, modens e módulos embarcados em notebooks. "Uma operadora brasileira reportou, no início deste mês, que o seu tráfego de dados havia aumentado 40 vezes desde o lançamento da rede 3G. Já se fala em uma dongle mania, com modens em formato de pen drive. Na Escandinávia, por exemplo, já se vendem mais modens do que celulares e a previsão é de que, até 2012, de cada três celulares um será smartphone e que 92% do mercado de banda larga será por meio de acessos pela rede 3G".
"Os usuários corporativos buscam soluções de conectividade convergentes de alto desempenho que viabilizem aplicações específicas com custos otimizados. Os dispositivos 3G constituem-se em uma excelente alternativa de atendimento à demanda empresarial. Mas, para isso, os aparelhos devem ter arquiteturas dual core, que suportem diversas aplicações, e suporte a múltiplas plataformas operacionais", diz Breviglieri, que também aponta a tendência de crescimento das novas gerações de processadores, que permitem o desenvolvimento de dispositivos computacionais como Pocketable Computing Devices (PCDs) e Mobile Computing Devices (MCDs).
Projeções apontam que, em 2012, existirão mais de 433 milhões de dispositivos computacionais móveis em uso, o que significa uma grande oportunidade de mercado. Marcos Cabral, sênior manager da consultoria Neoris, diz que a satisfação com soluções corporativas têm sido grande, apesar do alto custo das telecomunicações e dos aparelhos, como PDAs. "Mas com maior demanda, o custo será menor e as aplicações ficarão cada vez mais aderentes."
"A expectativa sempre é de redução de custos", diz Breviglieri. "O preço final dos aparelhos 3G, por exemplo, caíram entre 2004 e 2007 de uma média de US$ 400 para US$ 100. E essa tendência deve se manter com aumento de escala e iniciativas das indústrias."
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