Evidentemente, nenhum ser humano sabe tudo, pois somente Deus é dono de toda a sabedoria. Os poetas também erram, por maiores que eles sejam.
Olavo Bilac (1865-1918), um dos maiores nomes de nossa literatura, "príncipe dos poetas" (1907), em seu magistral soneto Língua portuguesa, integrante da sua obra Tarde (1919), afirmou que a nossa língua é a última língua neolatina:
"Última flor do Lácio, inculta e bela, És, a um tempo, esplendor e sepultura: Ouro nativo, que na ganga impura A bruta mina entre os cascalhos vela..."
O Lácio (< latium), região na Itália Central às margens do mar Tirreno, formado pelas províncias de Frasinone, Latina, Rieti, Roma e Viterbo. Pois bem, ali foi o cadinho das seguintes línguas românicas, por ordem cronológica: 1) Francês (século IX), 2) Espanhol (século X), Catalão (século XII), 3) Provençal (século XII), 4) Português (século XII) e 5) Romeno (século XVI).
Portanto, a última língua novilatina é a romena, pois o primeiro texto escrito em romeno, cuidadosamente guardado, é "Scrisoarea lui Neacsu" (A carta de Neacsu, 1521), isto é, vinte e um anos depois do achamento do Brasil (1500). Explica-se: Quando vivia o nosso grande poeta, os estudos de romanística não estavam muito difundidos no Brasil e a cultura romena ainda não fazia parte de nossa atenção, o que só foi possível, muito tempo depois, ou seja, na 1ª metade do século XX com a implantação do ensino universitário brasileiro mediante a inclusão do Curso de Letras Neolatinas do qual fazia parte a Cadeira de Filologia Românica. Infelizmente, a Universidade brasileira foi desmontada e, com ela, aquele curso foi desestruturado, tudo feito com o enfeitiçante e famigerado nome de reforma!!!