De tempos em tempos, Enya emerge de algum remoto castelo irlandês e, serenamente, libera um novo disco antes de desaparecer, novamente, deixando para trás apenas um rastro no éter. Foi assim também que ela procedeu com o recém-lançado And winter came...: inspirado pela eclosão do inverno no hemisfério norte, o disco vem suceder o bem acolhido Amarantine após três anos de silêncio.
Em seu novo disco, Enya explora temas relacionados ao inverno.
Como nos registros anteriores da artista, And winter came... prima pela solenidade e a rarefação em temas sutis e delicados. Aliás, a maior força de Enya está exatamente em sua suavidade. Os vocais sussurrados processados por efeitos reverber continuam na ordem do dia. O mesmo vale para a profusão de harpas, sinos e teclados minimalistas. Um som de tons algo amorfos, invariavelmente gélidos, pródigo em nuances, onirismos e silêncios.
Para quebrar a aura mística que tipifica suas canções, quase ao final da gravação Enya se saiu com a curiosa My! My! Time flies!. Pontuada por um arranjo capaz de mesclar cordas e sopros ao modo dos Beatles em All you need is love e um solo de guitarra razoavelmente distorcido (!), sua lúdica melodia é um achado em meio a tanto rigor, tamanha contenção.
Escute a música "And winter came" do novo álbum de Enya