Tenho a firme esperança de que um dia o Brasil há de fazer-se expressivamente mais presente na Antártida, depois que se fizer a revisão da ocupação daquela vasta região gelada sob a batuta dos países hegemônicos que deverão ser mais justos e solidários. Que seja adotada nesse reexame territorial a projeção cônica a fim de que o nosso país possa contar com estações científicas bem muito mais promissoras e crescentes. Até lá, vamos nos contentar apenas com o conjunto de nossas reduzidas ilhas oceânicas, sobretudo com o belo arquipélago Fernando de Noronha, cuja ilha principal lhe deu o próprio nome. Sua história é muito interessante: Descoberto em 1503, isto é, três anos depois do achamento do Brasil (1500). Estava completamente despovoado. Seu descobridor foi um rico armador e negociante, o cristão-novo Fernando de Noronha (ou Loronha) que lhe deu o nome. Ele arrendou a exploração do pau-brasil no vasto litoral brasileiro.
Curiosidade: Este comerciante, numa de suas viagens ao Brasil, encontrou as demais ilhas as quais, todas juntas, lhe foram doadas por D. Manuel como capitania, embora ele nunca se preocupara em povoá-las. Foi a primeira transação de terras recém-achadas, permanecendo, por longo tempo, despovoada. Somente no século XVII, temos escassas notícias de seu povoamento. Devido a sua posição geográfica, sofreu ataques de estrangeiros: holandeses (1612 e de 1635 a 1534) franceses (1736). Em 1770, passou a integrar a Capitania de Pernambuco. Após a independência (1822), ficou diretamente sujeito ao Ministério da Guerra e, em 1877, foi transferido para o Ministério da Justiça. Ao longo de sua história, serviu de presídio pelo qual passaram inclusive vários políticos.
O Brasil possui um dos mais ricos folclores da América Latina. Riquíssimo. Obviamente, todos nós sabemos que um território com população muito escassa não se pode esperar que nele se desenvolva, em parte alguma, um folclore muito rico. O folclore de Fernando de Noronha - paupérrimo - contrasta muito se comparado ao de outras regiões do país.
Conta apenas com duas lendas: a) Lenda da alamoa b) lenda do cajueiro da cigana. Quanto a alamoa, trata-se de uma sereia que aparece aos pescadores e viandantes retardatários sob a forma de uma mulher loura, nua, de beleza estonteante e que, perseguida, transforma-se num esqueleto, aparece também como uma luz ofuscante e multicor, acossando quem dela foge. Sua residência é o Pico, elevação rochosa com cerca de 300 m. de altura, reputada inacessível, no que se refere ao Cajueiro da Cigana, é o aparecimento de um fantasma sob a forma de uma zíngara, debaixo da árvore que lhe deu o nome, o qual costuma predizer a sorte do viandante e, na época em que o arquipélago serviu de presídio, dizia-se que previa a libertação dos detidos. Esta lenda talvez seja explicada pela presença dos ciganos, no século XVIII, quando foram deportados do Recife para aquela ilha, conforme nos informa Pereira da Costa em Anais Pernambucanos (vol. V).