As brasileiras lideram as preferências dos homens espanhóis entre as estrangeiras na hora de casar, segundo pesquisa divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto de Política Familiar da Espanha.
Fabiana e Jesus se casaram após 6 meses de namoro
Só em 2007 (dados mais recentes sobre os índices de uniões civis na Espanha), 14,2% de todos os casamentos civis aconteceram entre homens espanhóis e mulheres brasileiras.
Depois das brasileiras, os espanhóis escolhem mais as colombianas (presentes em 10,3% do total de casamentos).
A pesquisa mostra também que o número de casamentos entre locais e estrangeiros disparou no país nos últimos sete anos.
Entre 2000 e 2007, os matrimônios entre locais e forasteiros aumentaram em 186%, passando de 11.974 uniões para 34.223.
MARROQUINOS
Atualmente, 17% do total de casamentos registrado na Espanha é entre um espanhol ou espanhola e um estrangeiro.
Ao mesmo tempo, os casamentos entre pessoas nascidas na Espanha diminuíram cerca de 10% entre 1997 e 2007, indo de 187.384 matrimônios para 169.474.
O levantamento revela que mais espanhóis do que espanholas aceitam a união com estrangeiros: 59% dos homens disseram que optariam por imigrantes, comparados com apenas 41% das mulheres.
Os latino-americanos formam a preferência nacional nos casamentos com pessoas vindas do exterior - 65% dos casamentos entre espanhóis e estrangeiros têm um cônjuge nascido na região.
"Se isso continuar, em 2010 teremos 20% do total de casamentos formados por espanhóis e estrangeiros, e na maioria deles haverá uma esposa brasileira", disse à BBC Brasil o presidente do Instituto de Política Familiar da Espanha, Eduardo Hertfelder.
"Entendemos a combinação entre uma mudança de mentalidade da sociedade, o caráter hospitaleiro dos espanhóis e a disposição dos imigrantes para integrar-se completamente. Mas não contemplamos o porquê da preferência por algumas nacionalidades."
CASAL COMPROVA PESQUISA
Fabiana e Jesus Nuñez fazem parte das estatísticas que confirmam a preferência de espanhóis por brasileiras. Bastaram seis meses de namoro para a relação acabar em casamento.
Aos 16 anos Fabiana trocou Curitiba por Madri com a mãe e dois irmãos em 2001. Conheceu Jesus numa aula de capoeira e semanas mais tarde já estavam morando juntos.
"Não vou dizer que os espanhóis são melhores do que os brasileiros em tudo", brincou Fabiana. "Mas te levam muito mais a sério. Sem contar no que reclamam das espanholas, que são brutas, frias... Eles encontram uma brasileira e ficam doidos".
O marido ri e completa: "O que eu vou dizer? É tudo verdade. Eu não sei quem fez essa pesquisa, mas eu sou a prova dela".
Jesus, 28, agora pai de Elena, de 4 anos, acha que as mulheres do Brasil têm "qualidades especiais e dão mais importância ao compromisso".
INSTITUIÇÃO
Essa necessidade de oficializar a união acontece justo quando a imagem do casamento está em declínio na Europa. Por isso, para o Instituto de Política Familiar, a pesquisa comprova que os estrangeiros estão ajudando os espanhóis a manter a tradição de casar.
"O fato de um homem e uma mulher de países diferentes, com as barreiras culturais e toda a problemática que isso significa decidirem iniciar um projeto de vida em comum, demonstra a vigência do projeto matrimonial. Algo que vem se perdendo na Europa", diz Hertfelder.
"Provavelmente é a razão pela qual há menos casamentos de europeus entre si. Os estrangeiros estão trazendo esse valor de volta", concluiu.
Segundo as estatísticas do Ministério de Trabalho e Imigração, os estrangeiros são também os responsáveis por elevar a taxa de natalidade da Espanha.
Nos últimos 20 anos, o país tinha crescimento negativo - mais mortes do que nascimentos. Em 2008, a média passou a 1,39 filhos por casal, o melhor registro desde 1990.
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